Curso da USP terá 11 disciplinas a menos devido à escassez de professores. Desafio é manter qualidade do ensino sem comprometer formação acadêmica.

Onze disciplinas do curso de artes visuais da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA USP) não serão oferecidas neste semestre devido à falta de professores. O cancelamento de cinco disciplinas já estava previsto, mas uma semana antes do início das aulas, outros seis cursos foram adicionados à lista de cancelamentos. A Associação de Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp) informou que a não renovação do contrato de três professores temporários e a falta de docentes disponíveis para assumir as vagas são os motivos para o cancelamento dessas disciplinas.

A situação gerou protestos por parte dos estudantes de artes visuais, assim como de alunos de outros cursos da ECA e de outras unidades da USP. No dia 9 de agosto, os estudantes se manifestaram, exigindo providências da direção da unidade e da reitoria. Em uma carta aberta divulgada durante o protesto, os estudantes ressaltaram a importância do curso de artes visuais, que foi o 12º mais procurado no último vestibular da USP e desempenha um papel histórico para as artes brasileiras.

O coordenador do curso, João Musa, confirmou as dificuldades enfrentadas, destacando os critérios para a contratação de professores que contribuem para a diminuição do quadro docente. Musa explicou que para professores temporários, o contrato tem validade de até dois anos, e após esse período deve ser realizado um novo concurso para contratar substitutos. Já para os professores definitivos, Musa ressaltou que houve uma diminuição na reposição ao longo dos anos.

A Adusp alertou que essa situação não é exclusiva do curso de artes visuais, mas também ocorre em outras unidades da USP. Isso é atribuído à precarização do trabalho docente e a uma política de redução de contratações, que resultaram em um déficit de mil docentes na universidade desde 2014. A associação informou que as 876 contratações anunciadas pela reitoria até 2025 não são suficientes para suprir esse déficit, além das aposentadorias previstas nos próximos anos.

A presidente da Adusp, Michele Schultz, ressaltou que há uma falta de pelo menos mil professores em todas as unidades da USP. Ela questionou as contratações anunciadas pela reitoria, explicando que são referentes ao que já estava previsto na gestão anterior e não levam em consideração as aposentadorias, exonerações e mortes que ocorrerão durante a atual gestão. Segundo Schultz, em média, entre 180 e 200 docentes deixam a universidade a cada ano.

Em nota, a Reitoria da USP informou que concedeu 876 vagas para reposição de docentes no início de 2022, de acordo com a demanda das unidades de ensino e pesquisa. No entanto, a distribuição das vagas é de responsabilidade das unidades, que devem realizar processos seletivos para contratar os professores.

A situação da falta de professores nas disciplinas de artes visuais da ECA USP reflete um problema mais amplo na universidade, que afeta não só esse curso, mas também outras unidades. A precarização do trabalho docente e a redução de contratações têm gerado um déficit de professores, comprometendo a qualidade do ensino e a formação de novos talentos. É necessário que a universidade tome providências urgentes e efetivas para resolver essa situação, garantindo assim a excelência educacional que sempre foi esperada da USP.

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