Economistas recomendam planejamento estratégico pós-renegociações do programa Desenrola.

O programa Desenrola completou seu primeiro mês com sucesso, atendendo cerca de 985 mil clientes e renegociando R$ 8,1 bilhões em dívidas bancárias, de acordo com o balanço mais recente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O objetivo principal do programa é fornecer alívio financeiro para consumidores endividados, permitindo que eles limpem seus nomes e paguem suas dívidas de forma mais viável.

No entanto, apesar dos resultados positivos, economistas alertam para a falta de educação financeira na primeira fase do programa. A crítica principal gira em torno da falta de planejamento por parte dos consumidores que têm suas dívidas renegociadas. Sem um plano financeiro adequado, os consumidores correm o risco de se endividarem novamente após o alívio inicial.

Um ponto de atenção destacado pelos especialistas é a renegociação de débitos de até R$ 100. Embora essas dívidas tenham sido removidas dos cadastros negativos, elas ainda existem e continuam a acumular juros. Com taxas médias de juros de 59,9% ao ano no crédito a pessoas físicas, essas dívidas podem dobrar em um ano e meio.

De acordo com a Febraban, até o encerramento do processo, cerca de cinco milhões de registros de dívidas de até R$ 100 foram retirados dos cadastros negativos. Muitas dessas dívidas se referem a contas negligenciadas pelos consumidores e que continuam a acumular tarifas. No entanto, muitos consumidores nem sequer tinham conhecimento dessas dívidas porque não verificaram seus extratos ou carteiras virtuais.

Economistas recomendam que os consumidores tomem cuidado ao serem removidos do cadastro de inadimplentes, afirmando que é importante quitar essas pequenas dívidas o mais rápido possível. Além disso, eles concordam que um planejamento financeiro adequado é essencial para aqueles que renegociaram seus débitos, a fim de evitar novas dívidas no futuro.

Um ponto de crítica ao programa Desenrola até o momento é a falta de um programa de reeducação financeira. Embora alguns bancos tenham promovido campanhas de esclarecimento através de vídeos, isso não é uma condição obrigatória para participar das renegociações. Especialistas sugerem que seria interessante disponibilizar formas de auxílio para as pessoas se organizarem melhor em relação às suas finanças.

Além disso, os consumidores devem estar atentos a possíveis golpes. Desde o lançamento do Desenrola, fraudadores têm enviado links falsos por e-mail, SMS ou aplicativos de mensagens, oferecendo renegociações falsas. É importante que os consumidores busquem as instituições financeiras através de canais oficiais, evitando atender ligações de números desconhecidos ou clicar em links enviados.

O programa Desenrola ainda está em seus estágios iniciais e continuará a ser expandido para abranger débitos não bancários. A partir de setembro, será lançada a faixa 1 do programa, que atenderá devedores inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal ou com renda mensal de até dois salários mínimos. A faixa 1 incluirá débitos de até R$ 5 mil com empresas de fora do sistema financeiro, como concessionárias de água, energia e gás, além de crediários em comércios.

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