O TCE do Paraná questionou a licitação da plataforma estadual de loteria, levantando questionamentos sobre o processo de contratação.

O Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Paraná contesta a licitação do governo para contratar uma plataforma de controle do fluxo financeiro da futura loteria estadual. De acordo com um relatório elaborado por seis fiscais da 4ª Inspetoria de Controle Externo do órgão, o edital apresenta falhas graves, como restrição à competitividade e duração contratual incompatível com a natureza do serviço.

O contrato proposto tem duração de 20 anos e poderá render mais de R$ 167 milhões ao consórcio vencedor no período. No entanto, os fiscais do TCE argumentam que o edital faz exigências que restringem a participação de outras empresas. Por exemplo, é solicitada uma experiência mínima de um ano de operação em sistemas de gestão e monitoramento de lotéricas em mercados regulados, o que não leva em consideração que a prestação desse serviço no Brasil ainda está em fase inicial.

Além disso, o edital exigiu uma “prova de conceito” do produto já apto a funcionar com as exigências específicas da Lottopar, autarquia responsável pela loteria do Paraná. Segundo os fiscais do TCE, essa exigência praticamente excluiu empresas que ainda estão desenvolvendo o produto desejado para o estado.

O pregão eletrônico realizado atraiu apenas um interessado, o consórcio chamado Pay Brokers. Esse consórcio tem entre seus sócios doadores de campanha do governador Ratinho Junior, do PSD, e um empresário que ocupava um cargo na Secretaria de Estado da Administração e Previdência. O governo nega irregularidades no edital e na contratação do consórcio, afirmando que qualquer associação entre a vitória da Pay Brokers e a atuação do empresário na Seap “não passa de dedução”.

A Lotopar foi criada no final de 2021 após uma decisão do Supremo Tribunal Federal que permitiu a exploração de loterias estaduais. O objetivo da autarquia é contratar um software para processar as transações financeiras entre os apostadores, os sites de apostas e as casas lotéricas.

A Pay Brokers, empresa que venceu a licitação, é capitaneada por um advogado de Curitiba e tem o ex-servidor da Seap entre seus sócios. Apesar das doações feitas por esses sócios para a campanha do governador, o consórcio afirma que a vitória no pregão respeitou todas as regras e a legislação vigente. A Seap também nega qualquer relação do ex-servidor com o projeto da loteria do Paraná.

Essas são as principais informações apontadas pelo relatório do TCE que contesta a licitação do governo para a plataforma de controle do fluxo financeiro da futura loteria estadual. O caso ainda será analisado pelo conselheiro Maurício Requião, que levará o tema para o colegiado do TCE. O objetivo é garantir que a licitação seja realizada de forma transparente e que não haja restrição à competitividade.

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