E se a morte simplesmente deixasse de existir? Essa é uma pergunta intrigante que desafia nosso entendimento sobre a vida.

O medo da morte é uma emoção universalmente experimentada. A ideia de perder a vida e deixar tudo para trás pode ser angustiante para alguns, enquanto outros podem encontrar conforto na crença em uma vida após a morte. No entanto, o que muitas vezes não consideramos é que a eternidade também pode trazer seus próprios desafios e ansiedades.

Recentemente, tive a oportunidade de ler o livro “Morte”, dos irmãos ilustradores Carlos Ruas e Guilherme Bon, que aborda de uma forma única e intrigante a questão da mortalidade. Eu o encontrei em meio a um mar de livros de quadrinhos em uma bienal do livro organizada na antiga Livraria Cultura da Avenida Paulista. A capa apresentava uma ilustração surpreendentemente literal da morte com sua foice, despertando minha curiosidade instantaneamente.

Logo no início da leitura, deparei-me com uma dedicatória que dizia: “Para Zaya. Sua vida é sua. Gostaria de estar aqui para ver o que fará com ela”. Aquelas palavras ressoaram em mim, pois me fizeram refletir sobre minha própria relação com a morte e a incerteza de não estar presente para testemunhar o caminho que minha filha traçará em sua vida.

Consequentemente, decidi entrar em contato com os autores para uma entrevista, e fui agradavelmente recebida com entusiasmo e generosidade. Durante nossa conversa, Carlos Ruas e Guilherme Bon compartilharam suas motivações por trás da criação do livro e discutiram os temas complexos abordados em suas páginas.

“Morte” é uma obra excepcional que combina com habilidade comédia e drama, tratando um assunto delicado com leveza. Os autores exploram as complexidades da mortalidade através de uma perspectiva única, adicionando pitadas de humor para amenizar o peso do tema. A história é maravilhosamente cativante, explorando reflexões existenciais que muitas vezes lutamos para expressar.

Durante nossa conversa, ficou evidente que tanto Carlos Ruas quanto Guilherme Bon foram fortemente influenciados por suas próprias experiências pessoais com a morte. Enquanto Guilherme compartilhou suas experiências de quase encontros com a morte durante sua adolescência, Carlos admitiu que só começou a pensar sobre a mortalidade após atingir a idade adulta. Essas experiências moldaram suas perspectivas e os levaram a explorar o tema em detalhes no livro.

O medo da morte pode ser algo muito real e presente em nossas vidas. Carlos e Guilherme abordam essa emoção em sua obra, desafiando o leitor a considerar como lidar com essa ansiedade. Eles também discutem o papel da religião na compreensão e aceitação da morte, destacando que a busca por respostas sobre o que acontece após a morte é um dos principais apelos das religiões.

“Morte” é uma leitura cativante que nos convida a refletir sobre nossa própria mortalidade e a apreciar a efemeridade da vida. Como disse Carlos Ruas: “Acho que compartilhar essas angústias com humor é uma boa forma de navegar nesse assunto”. É através desse humor e reflexão compartilhados que podemos encontrar um senso de conexão e compreensão em relação à nossa própria finitude.

Enquanto o debate sobre a morte continua, “Morte” nos convida a confrontar nossos medos e fazer as pazes com a inevitabilidade de nossa mortalidade. É uma obra que desafia nossas suposições e nos inspira a aproveitar cada momento de nossa jornada. Afinal, como perguntou Carlos Ruas: “O que é melhor, passar a vida com medo ou tentar aceitar?”

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