Conforme verificado pelo Projeto Comprova, Moraes fez uma retrospectiva histórica, mencionando a mudança de posição do Brasil no mercado ilegal do tráfico ao longo dos anos. Ele destacou que o país passou de um mero “corredor” entre países produtores e compradores de drogas para se tornar o principal “consumidor” desses entorpecentes em circulação. Além disso, o ministro lamentou a baixa qualidade da droga consumida no país, afirmando que é a mais “batizada” que existe.
Especialistas consultados pela reportagem confirmam que as drogas ilícitas que entram no Brasil geralmente são adulteradas, resultando em uma menor pureza e teor de substância psicoativa. Isso traz ganhos financeiros para os traficantes, mas representa um problema para o usuário e para a saúde pública, já que não há controle sobre o potencial tóxico dessas drogas.
Ao ser descontextualizada, a declaração do ministro pode ser interpretada de forma errônea. Nas redes sociais, algumas pessoas deslegitimam o debate, enquanto outras atacam o ministro, insinuando que ele seria um usuário preocupado com a qualidade das drogas.
A reportagem entrou em contato por email com a autora da desinformação publicada no Instagram. Eveline Lima justificou que o vídeo completo do ministro não pôde ser compartilhado devido às restrições de tempo do Instagram Reels. Ela também respondeu que respeita a democracia e que cada um defende o que acredita.
O Projeto Comprova, que monitora conteúdos suspeitos nas redes sociais, investigou essa desinformação e a publicou em seu site. A iniciativa conta com a participação de 41 veículos de comunicação na verificação de conteúdos virais.
É importante ressaltar que a má qualidade das drogas no Brasil é um problema real que afeta a saúde pública e os usuários. O debate sobre a descriminalização do porte de entorpecentes para consumo próprio está em curso no STF e envolve questões complexas que devem ser abordadas com seriedade e responsabilidade.