A convidada para essa edição foi Delza Gitaí, reitora honorária da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), representante do Centro de Valorização da Vida (CVV) e membra do comitê estadual de prevenção e pósvenção ao suicídio. Durante a conversa, foi ressaltada a importância do Setembro Amarelo e as ações que podem ser adotadas pelos municípios para contribuir na prevenção do suicídio.
A campanha promovida pelo CVV, intitulada “acolher”, vai além de um gesto de receptividade. Ela tem como propósito receber as pessoas, aceitar seus sentimentos, ouvi-las sem julgamentos e estar disponível para ajudar. Acolher é uma demonstração de cuidado e empatia, e desempenha um papel fundamental para aqueles que estão passando por momentos difíceis.
É de extrema importância combater o tabu que envolve o suicídio, pois a falta de diálogo e compreensão pode impedir que as pessoas que estão sofrendo busquem ajuda. Quando alguém considera o suicídio como uma opção, seu pensamento se torna restrito e é difícil para essa pessoa enxergar outras saídas para seus problemas. Portanto, é fundamental informar-se e estar disposto a ajudar.
Os dados sobre o suicídio são alarmantes. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais pessoas morrem por suicídio a cada ano do que por HIV, malária, câncer de mama, além de guerras e homicídios. No grupo de jovens entre 15 e 29 anos, o suicídio é a quarta principal causa de morte.
No Brasil, entre os anos de 2016 e 2021, houve um aumento significativo nas taxas de suicídio entre adolescentes de 15 a 19 anos, chegando a 6,6 por 100 mil, e entre adolescentes de 10 a 14 anos, chegando a 1,33 por 100 mil. Esses números são alarmantes e mostram a urgência de ações preventivas.
As taxas de suicídio variam entre países, regiões e gêneros. No Brasil, as taxas são maiores para homens em comparação com mulheres. É importante notar que as taxas de suicídio são mais altas em países de alta renda para homens, enquanto para mulheres são mais altas em países de baixa-média renda.
O CVV desempenha um papel crucial na prevenção do suicídio. Essa organização sem fins lucrativos oferece serviços voluntários e gratuitos de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que desejam conversar. A instituição participou ativamente da elaboração da Política Nacional de Prevenção do Suicídio do Ministério da Saúde e disponibiliza o número 188, que funciona 24 horas por dia e sem custo de ligação.
Com mais de 120 postos de atendimento pessoal, chat, e-mail e um site dedicado, o CVV realiza mais de 3 milhões de atendimentos anuais, graças ao trabalho voluntário de aproximadamente 4.000 pessoas em 24 estados do Brasil, além do Distrito Federal. Além dos atendimentos telefônicos, o CVV também promove atividades abertas à comunidade que estimulam o autoconhecimento e melhores relações interpessoais. O Hospital Francisca Júlia, mantido pelo CVV, oferece suporte a pessoas com transtornos mentais e dependência química em São José dos Campos, SP.
O Setembro Amarelo é uma oportunidade para unir esforços e disseminar informações sobre a prevenção do suicídio. É importante que cada indivíduo se sinta responsável por garantir um ambiente acolhedor e seguro para aqueles que estão passando por crises emocionais. A conscientização é o primeiro passo para a prevenção e para salvar vidas.
