Marcha das Margaridas reúne mulheres em Brasília em defesa dos direitos das trabalhadoras rurais e da reconstrução do Brasil.

A Marcha das Margaridas, evento tradicional que ocorre a cada quatro anos, teve lugar nesta quarta-feira (16/08) em Brasília, com o trajeto que se estendia por aproximadamente dez quilômetros, partindo do Parque da Cidade e terminando na Esplanada dos Ministérios. Essa marcha representa não apenas uma oportunidade de reivindicar direitos e lutar por melhores condições para as mulheres do campo, mas também se torna um grito de resistência em um país que ainda enfrenta diversos desafios no que diz respeito à igualdade de gênero e ao direito das mulheres.

A sétima edição da Marcha das Margaridas contou com a presença de mulheres trabalhadoras rurais, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, sem-terra, extrativistas, LGBTQIA+ e moradoras de centros urbanos. Elas aproveitaram o espaço público, localizado no centro político do Brasil, para fazer suas reivindicações que vêm de várias regiões e interiores do país. Nas palavras de Cida Rodrigues, trabalhadora rural de Urandi, na Bahia, “essa sétima marcha é importante para nós pelo fortalecimento da agricultura familiar, em defesa das mulheres, no combate contra a violência da mulher”.

O evento recebeu a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participou do encerramento. Além das mais de 100 mil mulheres brasileiras, estiveram presentes representantes de 33 países. As atividades começaram na terça-feira (15/08), com painéis, discussões e eventos, coordenados pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e outras organizações parceiras.

A Marcha das Margaridas é particularmente significativa para muitas das participantes. Suzana da Silva Pimentel, trabalhadora rural e professora de sociologia de Monte Santo, na Bahia, participou pela primeira vez e comentou sobre a importância desse ato. “Só de sair lá do interior da Bahia e vir para essa aglomeração, no coletivo com outras mulheres de outras regiões, já mostra uma força muito grande. Demonstra o quanto a gente precisa se organizar e quem tem que se organizar e lutar somos nós”.

Raimunda Nonata Bezerra de Oliveira, conhecida como Mundinha, uma quebradeira de coco de Imperatriz, no Maranhão, ressaltou a importância da luta diária das mulheres. “A luta no dia a dia é grande. Amanhece o dia, a gente já tem que estar pegando no batente, como é o ditado de lá. A gente trabalha na roça, a gente pesca, a gente quebra coco babaçu e é grande a luta, mas é gratificante”.

A edição deste ano também homenageia Margarida Maria Alves, uma trabalhadora rural e sindicalista paraibana, que dedicou sua vida à luta pelos direitos das mulheres trabalhadoras rurais e foi assassinada em 1983. A advogada Dennise Januário, conterrânea de Margarida, fala sobre a importância de levar adiante a luta da sindicalista. “A gente tem essa responsabilidade de levar a luta dela aos quatro cantos do Brasil e do mundo, para que mais e mais mulheres se envolvam e que a gente possa, com a nossa voz, reivindicar por mais políticas públicas ao qual ela já reivindicava naquele tempo”.

A Marcha das Margaridas apresentou diversas pautas ao poder público, com 12 eixos políticos, que incluem democracia participativa e soberania popular, autonomia econômica e trabalho e renda. Coordenada pela piauiense Mazé Morais, o evento busca estabelecer uma relação de não exploração com a natureza, além de lutar por uma convivência sem desigualdade, pobreza, fome, racismo e violência. A marcha visa também cultivar relações em que o cuidado seja resguardado por todos e todas.

A Marcha das Margaridas, que se tornou um símbolo de resistência e luta pelos direitos das mulheres, continua sendo uma importante iniciativa para reivindicar melhores condições de vida e igualdade de gênero. O evento é uma demonstração da força e da determinação das mulheres brasileiras, que têm contribuído significantemente para o desenvolvimento do país.

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