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Acessibilidade nos meios de comunicação é fundamental para proteger pessoas com deficiência da desinformação, alerta especialista no STF

Pessoas com deficiências visuais, auditivas, táteis ou neurodiversas estão mais suscetíveis à desinformação. Esse tema foi discutido durante o segundo dia do seminário “Combate à Desinformação e Defesa da Democracia”, organizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O professor Marco Bonito, da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), abordou a importância da acessibilidade nos meios de comunicação para proteger essas pessoas da desinformação.

Durante o painel “Educação midiática, comunicação inclusiva e divulgação científica no combate à desinformação”, o professor questionou como uma pessoa cega poderia verificar informações em sites de notícias, ou como uma pessoa surda, que apenas entende Libras, poderia checar informações em uma agência de checagem. Ele ressaltou que, apesar da existência de legislação sobre acessibilidade para pessoas com deficiência, como o Estatuto da Pessoa com Deficiência, os meios de comunicação não cumprem integralmente essas exigências. Para o professor, o não cumprimento das leis é um crime contra o direito humano à comunicação.

Bonito destaca que programas de TV e plataformas deveriam possuir audiodescrição para pessoas cegas, além de interpretação em Libras para pessoas surdas. No entanto, a audiodescrição ainda é muito rara, devido à falta de vontade política e ao lobby das grandes empresas de comunicação.

A professora Janine Bargas também abordou a importância da educação midiática, especialmente em áreas com pouca informação de qualidade. Ela contou sobre uma experiência em que estudantes de jornalismo realizaram um jogo com alunos do ensino médio, no qual foram abordadas informações verdadeiras e falsas circulando na cidade. Dessa forma, os estudantes foram instigados a refletir sobre a veracidade das notícias.

Thaiane Oliveira, professora de pós-graduação em Comunicação da UFF, discutiu o processo de desmoralização das universidades federais. Segundo ela, o termo “universidades públicas” é frequentemente associado a ideias negativas nas redes sociais, contribuindo para a construção de uma imagem precária dessas instituições e incentivando a privatização.

Durante a abertura do painel, o ministro do STF Gilmar Mendes ressaltou que a disseminação de notícias falsas é um dos males da sociedade moderna. Ele destacou a importância do evento ser realizado na sede do STF, após o prédio da Corte ter sido alvo de ataques em janeiro. O objetivo desses ataques era fragilizar as instituições e promover a desordem social, mas, segundo o ministro, não obtiveram sucesso.

O ministro do STF Edson Fachin, responsável pelo último painel do seminário, também destacou os acontecimentos de janeiro em Brasília, afirmando que não se pode ignorar sua relação com a disseminação de notícias falsas e o ataque à democracia.

É fundamental que os meios de comunicação sejam mais acessíveis para pessoas com deficiência, garantindo que elas também possam se proteger da desinformação. Além disso, a educação midiática é essencial para que as pessoas possam discernir entre notícias verdadeiras e falsas. A desmoralização das universidades federais também precisa ser combatida, para preservar a importância dessas instituições na produção de conhecimento e informação de qualidade.

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