CPMI do 8 de Janeiro adia votação de requerimentos decisivos para investigações em acordo entre base aliada e oposição

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro decidiu adiar a votação de requerimentos que poderiam orientar as investigações para a próxima quinta-feira (28). A reunião deliberativa, que estava prevista para acontecer nesta terça-feira (26), foi adiada após um acordo entre parlamentares da base aliada do governo e da oposição.

A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), defende a convocação dos últimos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Gama deseja ouvir os comandantes sobre uma reunião que teria ocorrido em novembro de 2022, na qual teria sido discutida a possibilidade de um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União-BA), condicionou a votação de novos requerimentos propostos pelos governistas à apreciação de um pedido de convocação feito pela minoria. A oposição deseja ouvir um representante da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), que, mesmo tendo homens de prontidão em frente ao Ministério da Justiça, não atuou para impedir os atos ocorridos no dia 8 de janeiro.

Maia justificou sua posição afirmando que a convocação da FNSP é uma questão de justiça, uma vez que representantes do Exército e da Polícia Militar do Distrito Federal já foram chamados. Ele declarou não fazer sentido que a Força Nacional, que também esteve envolvida naquele dia, não seja ouvida pela CPMI, como deseja a minoria.

A CPMI possui 24 requerimentos pendentes de votação para a convocação de representantes da FNSP, sendo eles: o diretor-geral na época dos ataques, José Américo de Souza Gaia; o diretor-substituto em 8 de janeiro, Ivair Matos Santos; o comandante do Batalhão de Pronto Emprego da FNSP no dia dos atos golpistas, Sandro Augusto de Sales Queiroz; e o atual diretor da corporação, Fernando Alencar Medeiros.

O senador Sergio Moro (União-PR) defendeu a convocação da FNSP, destacando um relatório de inteligência produzido pela corporação que alertava para a possibilidade de atos violentos em Brasília. Moro afirmou que esse documento nunca foi informado à comissão e criticou o Ministério da Justiça por sonegar informações, alegando que quatro pelotões da FNSP ficaram inoperantes enquanto o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto eram invadidos.

Por outro lado, o deputado Rogério Correia (PT-MG) rebateu a acusação, enfatizando que o problema não é a Força Nacional. Segundo Correia, o Supremo Tribunal Federal afirmou que o ministro Flávio Dino, da Justiça, só poderia utilizar a FNSP com o aval e a solicitação do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, o que não teria acontecido. Correia defendeu a votação de requerimentos para a quebra de sigilos bancários de Bolsonaro.

A decisão sobre a votação dos requerimentos foi adiada e a CPMI do 8 de Janeiro aguardará até a próxima quinta-feira para definir os rumos das investigações.

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