Estudantes da USP realizam manifestação exigindo contratação de mais professores e aumento da bolsa de apoio à permanência

Estudantes da Universidade de São Paulo (USP) protagonizaram uma manifestação na tarde desta terça-feira (26), com o objetivo de reivindicar a contratação de mais professores e o aumento da bolsa de apoio à permanência dos alunos nos cursos. A passeata teve início às 17h30 na portaria principal da universidade, localizada no bairro do Butantã, zona oeste da capital paulista, e seguiu até o Largo da Batata, em Pinheiros.

Durante o protesto, os estudantes destacaram as demandas específicas de cada curso em relação à falta de docentes. De acordo com Mandi Coelho, estudante de Letras e membro do Centro Acadêmico da Faculdade, a situação é alarmante. “Na faculdade de Letras é um absurdo, precisamos de quase cem professores para suprir as perdas dos últimos anos”, destacou.

Além da contratação de mais professores, os alunos também pedem um aumento nos valores do programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil (PAPFE), que atualmente varia de R$ 300 a R$ 800. Eles também reivindicam a reativação do gatilho automático para reposição de professores. Segundo a estudante, o mecanismo era responsável por garantir a reposição dos docentes em caso de falecimento ou aposentadoria, mas deixou de existir, resultando na perda gradual de professores.

Uma das faculdades mais afetadas pela falta de professores é a Faculdade de Filosofia, Letras, Ciências Humanas e História (FFLCH) da USP. Em abril de 2022, a reitoria da universidade disponibilizou 57 cargos para reposição das perdas de docentes ocorridas entre 2014 e 2021. Segundo a faculdade, essas vagas serão preenchidas em três blocos, nos anos de 2023, 2024 e 2025.

A falta de professores na USP é um problema crescente. Segundo a Associação de Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp), a instituição contava com cerca de 6 mil professores em 2014, número que foi reduzido para aproximadamente 4,9 mil em 2023. Essa diminuição gera uma série de consequências negativas, como sobrecarga de trabalho para os docentes, comprometimento da formação dos estudantes, falta de oferta de disciplinas e turmas com grande número de alunos.

Michele Schultz, presidenta da Adusp, ressaltou que as cerca de 800 contratações de professores anunciadas pela reitoria não são suficientes para suprir a demanda da universidade. Ela salientou que desde janeiro de 2022, 305 professores deixaram a USP, seja por aposentadoria, falecimento ou outros motivos.

Procurada para comentar sobre as reivindicações dos estudantes, a reitoria da USP ainda não se manifestou. No entanto, em comunicado divulgado na última quinta-feira (21), quando os alunos decidiram entrar em greve, a universidade informou que disponibilizou 879 vagas para a contratação de professores em 2022.

Em relação à permanência estudantil, a USP afirmou que em 2023 mudou sua política de auxílio, aumentando em 58% os investimentos na área. O valor do auxílio passou de R$ 500 para R$ 800, e os beneficiados com vaga no Conjunto Residencial da USP (Crusp) passaram a receber auxílio adicional de R$ 300. Além disso, todos os alunos têm direito à gratuidade nos restaurantes universitários. A reitoria também destacou que, pela primeira vez, foram concedidos auxílios aos estudantes de pós-graduação, sendo distribuídos 15 mil auxílios neste ano.

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