Mais de 100 botos morrem em Tefé e ICMBio investigará as causas das mortes na região amazônica.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) anunciou que está investigando as causas das mortes de botos em Tefé, no estado do Amazonas. Nos últimos dias, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá registrou a morte de mais de 100 mamíferos aquáticos, incluindo o boto vermelho e o tucuxi, que habitavam o lago da região.

Embora as causas ainda não tenham sido confirmadas, há indícios de que o calor excessivo e a seca histórica dos rios estejam contribuindo para as mortes de peixes e mamíferos na área. Para investigar o caso, o ICMBio mobilizou equipes de veterinários e funcionários do Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA) e da Divisão de Emergência Ambiental, além de parceiros institucionais.

Medidas sanitárias já foram adotadas para o descarte adequado dos corpos dos animais. O ICMBio está empenhado em identificar as causas das mortes e tomar medidas para proteger as espécies afetadas. Diante da situação, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá emitiu um alerta à população local, pedindo que evitem o contato com as águas do lago e o uso recreativo, uma vez que as temperaturas alcançam mais de 39 graus Celsius em alguns pontos.

Em uma entrevista à Rádio Nacional da Amazônia, a coordenadora do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Mamirauá, Miriam Marmontel, ressaltou que esses animais atuam como sentinela da qualidade da água e são os primeiros a serem afetados por mudanças ambientais. Ela alertou para a necessidade de atenção diante desse problema, que é resultado de mudanças climáticas, aquecimento global e uso excessivo da água na região.

Segundo a pesquisadora, “os animais estão sofrendo com isso. É parte do problema associado à mortalidade deles”. Ela também comentou que a situação atual é crítica e inusitada, nunca antes vista, mesmo com as grandes secas já ocorridas na região. Além da diminuição da superfície dos rios, os ribeirinhos estão enfrentando dificuldades para obter água e se deslocar de suas casas até o rio principal. E agora, há uma grande mortalidade de golfinhos, com botos vermelhos e tucuxis encalhados ou boiando no lago, que normalmente é cheio de vida.

O ICMBio informou que está trabalhando em conjunto com a prefeitura de Tefé, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e a Defesa Civil para identificar as causas das mortes e realizar ações de monitoramento, busca e recolhimento de carcaças, coletas de amostras para análises, bem como monitoramento da temperatura e profundidade da água.

Em uma tentativa de minimizar os danos, uma ação emergencial será realizada neste fim de semana para resgatar os animais ainda vivos. Serão enviadas equipes especializadas em resgate de cetáceos para capturar e examinar os animais, analisando sua saúde e sangue para compreender melhor o que está acontecendo. Com base nesses resultados, serão tomadas decisões sobre como melhorar a situação e evitar mais mortes no lago.

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