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Operação Maré completa uma semana com impactos significativos: escolas fechadas, unidades de saúde fechando e prisões e apreensões realizadas.

A Operação Maré, que completa uma semana, está causando impactos significativos na vida dos moradores do complexo de favelas zona norte do Rio de Janeiro. As 44 escolas da região tiveram suas aulas suspensas e unidades de atenção primária do Complexo da Maré também precisaram fechar em alguns momentos nos últimos dias. O governo do estado divulgou que as ações resultaram na prisão de suspeitos e na apreensão de armamentos, veículos, drogas e equipamentos.

Embora o governo tenha confirmado apenas uma morte, organizações não governamentais (ONGs) que atuam na região relataram a ocorrência de duas mortes. Segundo a polícia militar, a morte ocorreu após uma troca de tiros e o suspeito foi levado para o Hospital Getúlio Vargas, mas não resistiu aos ferimentos. A arma usada no confronto foi apreendida e o caso foi registrado na Delegacia de Homicídios da capital.

Até o sexto dia da operação, foram realizadas 28 prisões, apreendidos 103 veículos, além de 14 fuzis, dez pistolas, artefatos explosivos e rádios comunicadores, de acordo com o último balanço divulgado pelo governo do estado. Além disso, mais de 100 quilos de pasta base de cocaína, 300 litros de éter e duas estufas de maconha foram apreendidos. Estima-se que as organizações criminosas tenham tido um prejuízo de cerca de R$ 20 milhões.

Entretanto, as ações policiais também têm causado impactos negativos na população local. A ONG Redes da Maré, que monitora as ações de violência no território desde o início da operação, informou que cerca de 120 mil moradores estão sendo afetados direta ou indiretamente pelas operações policiais. Além disso, a ONG registrou a presença de policiais sem identificação e sem câmeras nos uniformes, o que vai contra as diretrizes estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo Pablo Nunes, coordenador do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), a operação tem mais impactos negativos do que positivos. Ele defende que as ações deveriam ser mais transparentes e que a população deveria ser envolvida nas decisões. Nunes também argumenta que a Operação Maré não tem uma meta clara e que isso gera insegurança para a comunidade local.

Com as operações em curso, a rotina das favelas é fortemente afetada. Moradores não conseguem sair de casa para trabalhar, o comércio local é fechado e as aulas nas escolas do complexo são suspensas. Além disso, serviços de saúde também são interrompidos. Tainá Alvarenga, coordenadora da ONG Redes da Maré, ressalta que as crianças também estão sendo afetadas, pois estão sem acesso à escola e ao lazer.

A violência policial é uma preocupação constante para os moradores da região. De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), do governo estadual, 29,7% de todas as mortes violentas registradas no estado do Rio de Janeiro em 2022 foram causadas por ações das forças de segurança, totalizando 1.327 mortes. O Instituto Fogo Cruzado também aponta que as ações policiais são responsáveis por vitimar crianças e adolescentes na região.

Em resposta aos impactos causados pela operação, a Secretaria Municipal de Educação informou que 42 unidades escolares foram afetadas por questões de segurança no Complexo da Maré desde fevereiro, afetando cerca de 14.443 alunos. A Secretaria de Estado de Educação também suspendeu as atividades de duas escolas na região, afetando aproximadamente 850 alunos. A Secretaria Municipal de Saúde informou que 20 unidades de atenção primária na região precisaram fechar temporariamente devido à operação.

Em conclusão, a Operação Maré tem causado impactos significativos na vida dos moradores do complexo de favelas zona norte do Rio de Janeiro. Embora resulte em prisões e apreensões, as ações policiais também geram insegurança e medo na população local. Além disso, as operações interrompem a rotina das favelas, afetando principalmente as crianças que são privadas de acesso à educação e lazer. A falta de clareza sobre os objetivos da operação e a ausência de diálogo com a comunidade também são pontos de crítica. É necessário um plano mais abrangente e qualificado para abordar as questões de segurança pública no Rio de Janeiro e minimizar os impactos negativos nas comunidades locais.

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