Uma das professoras presentes, Juliana Andozio, relatou o cerco que sofreu em Florianópolis, incluindo um processo administrativo em que foi acusada de fazer doutrinação política na escola. Ela ficou afastada por sete meses e, mesmo após o Tribunal de Justiça de Santa Catarina julgar o processo e condenar o estado a devolver o salário descontado e limpar sua ficha funcional, ela foi punida com 15 dias sem salário. Juliana ressaltou que não houve nenhuma comprovação de que ela tenha doutrinado alguém.
O professor Salomão Barros Ximenes, da Universidade Federal do ABC, afirmou que a lei já garante a liberdade de ensino aos professores, mas é necessário criar redes de proteção para garantir esse direito. Ele defendeu a criação de políticas públicas de defesa jurídica e psicológica para esses profissionais em parceria com as universidades e sindicatos. Além disso, destacou a importância das procuradorias jurídicas dos estados e municípios para a tarefa legislativa.
Durante a audiência, a deputada Professora Luciene Cavalcante (Psol-SP) elogiou a criação de um observatório para monitorar a questão e embasar propostas para enfrentar a perseguição contra os professores. Segundo ela, é fundamental ter dados e informações para desenvolver políticas públicas efetivas.
Os debatedores também denunciaram que as perseguições contra os professores muitas vezes são promovidas por parlamentares, tanto federais como estaduais e municipais. A deputada Talíria Petrone (Psol-RJ) ressaltou a necessidade de tomar providências para garantir que o papel de fiscalização dos legisladores esteja dentro dos limites da lei. Segundo ela, é necessário estabelecer um protocolo para regular essa função e responsabilizar aqueles que promovem o ódio, que acaba atingindo os profissionais da educação.
A audiência evidenciou a gravidade da perseguição política que professores estão enfrentando no país e a necessidade de criação de medidas de proteção para garantir que eles possam exercer sua profissão de maneira livre e segura.