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Tema da redação do Enem 2023 aborda a invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pelas mulheres no Brasil.

No último domingo, os estudantes brasileiros enfrentaram mais um desafio: a prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2023. O tema escolhido foi “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”. Essa escolha colocou em evidência uma questão estrutural da sociedade brasileira: a sobrecarga de trabalho enfrentada por muitas mulheres, que cuidam de familiares, filhos, companheiros e do lar, sem remuneração ou reconhecimento.

De acordo com professores de redação entrevistados pela Agência Brasil, o tema segue a mesma linha de edições anteriores, abordando problemáticas sociais. No entanto, apesar de ser uma questão atual e relevante, pode ser bastante desafiador para os candidatos.

Ao ler o tema, a professora Tatiana Nunes Camara, do colégio Mopi, comemorou, afirmando que é interessante trazer à tona a realidade das mulheres, que desempenham múltiplas jornadas de trabalho sem o devido reconhecimento. Segundo ela, o tema está em linha com acontecimentos recentes, como o lançamento do filme Barbie, que discute a organização patriarcal da sociedade.

Além disso, o governo brasileiro anunciou a criação de um grupo de trabalho para a elaboração da Política Nacional de Cuidados, voltada para aqueles que cuidam de crianças, adolescentes e pessoas com deficiência, atividades majoritariamente realizadas por mulheres. Diante disso, a professora Tatiana acredita que os alunos bem preparados poderão fazer uma boa redação, utilizando exemplos de filmes, livros e medidas legislativas para propor soluções.

Já o professor Noslen Borges, da plataforma Clube do Noslen, ressalta que o tema está de acordo com a proposta do Enem, que busca abordar problemáticas brasileiras e grupos marginalizados. Ele destaca a importância de discutir o trabalho invisível realizado por mulheres, que é uma realidade não só no Brasil, mas em todo o mundo. Borges espera que essa discussão vá além do exame e alcance a sociedade como um todo.

Outra professora de redação, Roberta Panza, da plataforma Descomplica, também aponta a relevância do tema, destacando que é preciso entender a força da palavra “enfrentamento”. Ela ressalta que a invisibilidade desse trabalho não afeta apenas as mulheres, mas também tem um recorte racial, principalmente para as mulheres negras. Além disso, Panza destaca que as leis, que poderiam garantir mudanças nesse cenário, são majoritariamente elaboradas por homens.

No geral, os professores concordam que é fundamental que os estudantes analisem o que é pedido na prova, refletindo sobre as dificuldades de combater a invisibilidade do trabalho de cuidado. Além disso, é importante apresentar propostas de intervenção, como subsídios fiscais para empresas que contratem mulheres, investimento em creches públicas e criação de leis que garantam reconhecimento e suporte às mulheres que exercem essas jornadas de trabalho.

Enquanto os estudantes lidam com a pressão do Enem, é importante lembrar que a prova não se resume a uma nota, mas sim à oportunidade de acesso à educação superior. O Enem é a principal porta de entrada para as universidades brasileiras, por meio do Sisu, Prouni e Fies. Além disso, as notas obtidas podem ser utilizada para ingresso em instituições de ensino no exterior.

O Canal Educação está acompanhando de perto o Enem 2023, transmitindo o programa Caiu no Enem, no qual professores analisam as principais questões da prova. A participação do público é incentivada, com perguntas e comentários sendo enviados para os perfis do Canal Educação nas redes sociais. A discussão em torno do tema da redação não deve se limitar ao exame, mas sim refletir na sociedade como um todo, em busca de igualdade e reconhecimento para as mulheres brasileiras que exercem trabalhos invisíveis.

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