Câmara dos Deputados aprova projeto de lei que inclui mulheres indígenas nas políticas públicas de combate à violência de gênero

A Câmara dos Deputados aprovou nesta segunda-feira (6) um projeto de lei que tem como objetivo garantir que as políticas públicas de combate à violência contra a mulher considerem a situação das mulheres indígenas. A proposta, de autoria da deputada Juliana Cardoso (PT-SP), será encaminhada para o Senado.

De acordo com o Projeto de Lei 2975/23, a política pública estabelecida pela Lei Maria da Penha deve levar em consideração as condições e necessidades específicas das mulheres indígenas. A deputada ressaltou que o projeto não é uma iniciativa exclusivamente dela, mas sim resultado do diálogo com lideranças indígenas.

O projeto também determina que as condições das mulheres indígenas sejam levadas em conta na criação das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams) ou de Núcleos Investigativos de Feminicídio.

A relatora do projeto, deputada Célia Xakriabá (Psol-MG), comemorou a aprovação no plenário e destacou que o avanço das mulheres indígenas representa um avanço para o Brasil como um todo.

Além disso, o projeto inclui como agravante dos crimes o fato de serem praticados contra mulheres indígenas por sua condição de pertencerem a essa etnia. Em relação à assistência à saúde, as condições e necessidades específicas das mulheres indígenas deverão ser consideradas nos programas e iniciativas que fazem parte do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena do Sistema Único de Saúde (SUS).

O projeto também prevê garantir a participação das mulheres indígenas em organismos colegiados de formulação, acompanhamento e avaliação das políticas de saúde, como o Conselho Nacional de Saúde.

No âmbito da educação, o projeto determina que a formulação de programas integrados de ensino e pesquisa para a educação intercultural nas comunidades indígenas conte com a participação de mulheres indígenas.

Durante o debate no plenário, a deputada Juliana Cardoso ressaltou a importância de estabelecer regras específicas para essa população, levando em consideração as questões culturais profundas e as barreiras culturais e geracionais enfrentadas pelas mulheres indígenas.

Por outro lado, as deputadas Bia Kicis (PL-DF) e Adriana Ventura (Novo-SP) criticaram o texto, argumentando que a criação de políticas específicas para as mulheres indígenas poderia resultar em segregação dessa população. Elas defendem que todas as mulheres merecem a mesma proteção da lei, independentemente de sua etnia.

Agora, o projeto seguirá para apreciação no Senado. Mais informações serão divulgadas em breve.

Reportagem – Eduardo Piovesan e Carol Siqueira
Edição – Pierre Triboli

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