Barroso, responsável pela primeira cirurgia de transição de gênero pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na Bahia, destaca a importância de incluir as mulheres trans nos cuidados com a saúde, já que muitas delas podem necessitar de acompanhamento ginecológico e enfrentar riscos de alterações urinárias pela reconstrução da uretra.
O médico ressalta que, mesmo após a transição, a próstata continua presente no corpo das mulheres trans, e muitas delas não têm consciência disso. Portanto, é essencial que a campanha Vem pra Uro! não se restrinja apenas aos homens cis, mas abrace também as pessoas designadas como sexo masculino ao nascer, mas que depois passam a se identificar com o sexo feminino.
Além disso, Barroso alerta que a utilização de hormônios femininos não protege completamente a mulher trans do câncer de próstata, e que a falta de informação pode levar a diagnósticos tardios, aumentando os riscos de complicações.
O urologista e oncologista Carlos Carvalhal, membro da SBU e médico do Hospital São Francisco na Providência de Deus, reforça a importância de garantir o acesso igualitário da população trans à saúde, sem preconceitos ou discriminação.
Keila Simpson, presidente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), complementa a discussão ao enfatizar que as campanhas específicas como o Outubro Rosa e Novembro Azul podem não abranger a população trans de forma eficaz, e que é fundamental criar espaços neutros e inclusivos nos serviços de saúde.
Assim, é essencial ampliar a conscientização sobre o câncer de próstata e estimular a busca por cuidados médicos em toda a população, independentemente de gênero ou identidade. A inclusão, informação e o combate ao preconceito são fundamentais para garantir a saúde plena e igualitária para todos.