CNJ decide punir juiz Rudson Marcos por omissão em audiência de estupro de Mariana Ferrer

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tomou uma decisão importante na terça-feira (14) ao decidir punir o juiz Rudson Marcos, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC), com uma advertência. A decisão foi tomada por maioria, com os conselheiros entendendo que o magistrado foi omisso durante a audiência em que a modelo e influenciadora digital Mariana Ferrer prestou depoimento na condição de vítima, permitindo que o advogado do empresário André de Camargo Aranha, Cláudio Gastão da Rosa Filho, a constrangesse e humilhasse com “questionamentos descabidos”.

Mariana acusa Aranha de tê-la estuprado em 2018, e a audiência de instrução do processo ocorreu em julho de 2020, com a 3ª Vara Criminal de Florianópolis absolvendo Aranha da acusação de estupro de vulnerável em setembro do mesmo ano. A decisão foi contestada e está em análise no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A divulgação do vídeo da audiência teve grande repercussão, mostrando que o advogado exibiu fotos pessoais de Mariana e fez comentários misóginos, sem intervenção do juiz ou do promotor.

A partir disso, o CNJ instaurou um procedimento disciplinar para apurar a conduta do juiz Rudson Marcos, e a conselheira Salise Sanchotene, relatora do processo administrativo, votou para que o juiz seja advertido por “omissão em frear questionamentos descabidos que violaram a dignidade da vítima”. A advertência é a pena mais leve que o CNJ pode aplicar a um magistrado. A relatora destacou que o comportamento do juiz poderia motivar sua remoção compulsória, mas como ele já pediu para ser transferido para outra vara de Justiça, a pena seria inócua e desproposital.

O advogado do juiz, Rodrigo Colasso, enfatizou que Rudson Marcos é um juiz exemplar, com uma carreira proba, e que qualquer punição a ele poderia influenciar os rumos do processo criminal que Mariana Ferrer move contra André de Camargo Aranha. A promulgação da Lei nº 14.245, conhecida como Lei Mariana Ferrer, em novembro de 2021, prevê punições para atos contra a dignidade de vítimas de violência sexual e das testemunhas do processo durante julgamentos. A lei representa um avanço na proteção das vítimas em casos de violência sexual.

Essa decisão do CNJ foi crucial para garantir que juízes e advogados atuem com prudência e respeito durante audiências que envolvem vítimas de violência sexual, reforçando a necessidade de um ambiente judiciário mais ético e compassivo para as vítimas. A Lei Mariana Ferrer marca um avanço significativo na legislação brasileira para garantir a proteção e dignidade das vítimas de violência sexual, proporcionando um marco legal mais forte para punir os atos de desrespeito e constrangimento durante processos judiciais.

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