Desigualdade racial: mortalidade materna de mulheres negras é mais que o dobro em relação a mulheres brancas, mostra pesquisa.

Os dados de 2022 revelam uma triste realidade: a mortalidade materna entre mulheres negras é mais que o dobro em comparação com a de mulheres brancas. Segundo a pesquisa Nascer no Brasil II: Inquérito Nacional sobre Aborto, Parto e Nascimento, elaborada pelo Ministério da Saúde em parceria com a Fiocruz, a taxa de mortalidade materna entre mães negras é alarmante, com um número de 100,38 mortes para cada 100 mil nascidos vivos, enquanto no caso das mães brancas a incidência é de apenas 46,56. Já as mães pardas apresentam uma taxa de 50,36.

Essa diferença de mortalidade materna entre negras e brancas é uma realidade constante no país, como indica a pesquisa que apura mortes registradas em até 42 dias após o fim da gestação, provocadas por causas ligadas à gestação, ao parto e ao puerpério.

Durante os anos de 2016 a 2021, as proporções das mortes maternas de mulheres negras e brancas aumentaram significativamente. Em 2016, as mortes maternas de negras somavam 119,4 por 100 mil nascidos vivos, enquanto as de mulheres brancas eram 52,9. Durante a pandemia, em 2020 e 2021, as taxas aumentaram para 194,8 em mulheres negras e 121 para brancas em 2021. No ano anterior, os números eram de 127,6 em negras e 64,8 em brancas.

O estudo também aponta diversas causas para a mortalidade materna maior entre a população feminina negra e parda, incluindo pré-natal tardio, doenças, gestação precoce, local de internação e peregrinação para conseguir fazer o parto. O Ministério da Saúde já está tomando medidas para combater esse cenário alarmante, incluindo a construção de 30 maternidades e centros de parto normal, a contratação de 30 mil profissionais pelo Mais Médicos e o repasse de R$ 870 milhões para custeio de equipes multiprofissionais. O Brasil assumiu o compromisso das Nações Unidas de reduzir a razão para 30 mortes maternas a cada 100 mil nascidos vivos até 2030, e a implementação dessas medidas é crucial para alcançar esse objetivo e reduzir as desigualdades na mortalidade materna.

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