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Disputa entre Big Techs e Teles sobre divisão de custos de infraestrutura de internet agita o mercado brasileiro.

Nas disputas que prometem agitar o cenário das telecomunicações nos próximos meses, o Brasil será palco do embate entre as gigantes das tecnologias e as empresas de telecomunicações, as chamadas teles. Em jogo está a proposta das teles de dividir os custos de manutenção da infraestrutura necessária à prestação do serviço de internet com as big techs, provedoras de boa parte do conteúdo que circula por essa mesma infraestrutura.

A Conexis Brasil Digital, representante do setor de telecomunicações e de conectividade, defende que as big techs provedoras de conteúdo digital também remunerem o uso massivo das redes de telecomunicações, visando assegurar o crescimento do ecossistema da conectividade. De acordo com a entidade, as big techs são responsáveis por mais de 82% do tráfego total nas redes móveis, sem que façam qualquer contribuição para melhorar a qualidade das redes.

Além disso, a Conexis destaca que o crescimento do uso das redes tem se mostrado um desafio para os investimentos das operadoras, gerando um aumento nos custos inversamente proporcional ao valor cobrado dos usuários. Essa situação acabou criando um ambiente de concorrência desequilibrada entre as big techs e as empresas de telecomunicações, uma vez que estas precisam manter a infraestrutura com massivos investimentos, enquanto as big techs, que são as grandes usuárias, não pagam pelo uso dessas redes.

Diante desse cenário, gigantes das big techs se juntaram e criaram a Aliança pela Internet Aberta (AIA), com o propósito de evitar a nova taxa sugerida pelas empresas operadoras de telecomunicações. O debate sobre a proposta das teles também envolve a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que pretende, no início de 2024, promover uma série de debates sobre a cobrança da nova taxa.

A taxa sugerida pelas teles pode impactar negativamente e de forma transversal os serviços de diversos setores, além de prejudicar a concorrência, afetar o acesso de usuários de regiões que não são atendidas pelos grandes provedores de internet e influenciar o futuro da inclusão digital e na transformação digital no Brasil. Setores como a telemedicina e a saúde digital, startups, empresas nacionais de inteligência artificial, cultura e entretenimento seriam afetados pela nova taxa.

Em meio a essa disputa, a Aliança pela Internet Aberta defende mais transparência por parte das teles para identificar o real custo da infraestrutura, visando ampliar o debate sobre o assunto. A AIA questiona a necessidade de adividade da nova taxa pelas big techs e destaca a importância de manter a internet como um espaço acessível e aberto para todos os usuários. A discussão promete ser protagonizada por gigantes das big techs e empresas de telecomunicações nos próximos meses, em um embate que poderá impactar significativamente o cenário das telecomunicações e da tecnologia no Brasil.

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