Estudo revela baixa presença de negros e mulheres em cargos de secretaria nos governos estaduais no Brasil.

Um estudo inédito realizado pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ação Afirmativa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Gemaa/Uerj), a pedido da Fundação Lemann em parceria com a Imaginable Futures, revelou que apenas 10,5% dos secretários e secretárias dos governos estaduais são pessoas pretas e pardas. Esse estudo aponta para a falta de representatividade racial e de gênero nos altos cargos de liderança no Brasil.

De acordo com a pesquisa, as mulheres ocupam apenas 29,7% dos cargos de secretários estaduais, e as pessoas pretas e pardas ocupam somente 4% dessas posições. Ao analisar as regiões, observa-se que somente o Nordeste possui um percentual de secretárias de estado acima da média nacional, sendo 37,2% contra os 29,7% do restante do país. A região também se destaca por concentrar quase metade das mulheres mapeadas em cargos de secretária estadual.

Além disso, o estudo aponta que o Nordeste e o Norte são as únicas regiões que têm um percentual de pretos e pardos acima da média nacional no secretariado, com 13,5% e 13,7%, respectivamente. Em relação às áreas de atuação, mais da metade dos secretários pretos e pardos comandam pastas sociais, como Assistência Social, Cultura e Esportes.

Segundo o coordenador do Gemaa e professor de Ciência Política da Uerj, Luiz Augusto Campos, a baixa presença de pessoas pretas e pardas no secretariado implica em um déficit democrático, já que as políticas públicas estaduais impactam significativamente a população preta e parda brasileira. O diretor de Conhecimento, Dados e Pesquisa da Fundação Lemann, Daniel de Bonis, ressalta que a falta de dados a respeito do perfil racial, de gênero e socioeconômico dos altos dirigentes públicos representa uma deficiência muito grande para a visibilidade e inclusão desse grupo.

Bonis defende que é necessário promover a diversidade e inclusão nos espaços de poder, indicando que o Brasil está muito atrás em termos internacionais em relação a essas questões. Outro ponto levantado pela pesquisa é que não há uma exigência oficial para publicar dados sobre o perfil dos altos dirigentes públicos, dificultando a criação de políticas de diversidade e inclusão.

A pesquisa foi feita mapeando 572 secretários e secretárias estaduais nas 27 Unidades da Federação, classificando as pastas por campo de atuação – social, econômica, infraestrutura ou órgãos centrais. Os resultados evidenciam a necessidade de uma maior representatividade racial e de gênero nos altos cargos de liderança, visando uma democratização plena dos espaços de poder no país.

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