Partidos e entidades entram com ação no STF para suspender Lei do Marco Temporal de Terras Indígenas

Diversos partidos políticos e entidades entraram com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (29) para suspender a Lei nº 14.701/2023, que estabeleceu a tese do marco temporal para a demarcação de terras indígenas. A tese, segundo a lei, determina que os indígenas somente têm direito às terras que estavam em sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal, ou que estavam em disputa judicial na época.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a Rede Sustentabilidade e o PSOL são alguns dos autores da ação, que pedem que a lei seja declarada inconstitucional e suspensa até o julgamento definitivo da questão na Corte. A entrada da ação ocorre após o Congresso Nacional derrubar o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao projeto de lei que validou o marco temporal, promulgado nesta quinta-feira (28).

Anteriormente, o Supremo já havia decidido contra o marco em setembro, decisão que foi levada em conta pela equipe jurídica do Palácio do Planalto para justificar o veto presidencial. No entanto, o Congresso exerceu sua competência legislativa ao validar o marco, o que gerou discordância republicana entre os poderes acerca do conteúdo normativo.

De acordo com a Apib e os partidos, os dispositivos da lei que validou o marco temporal já foram declarados inconstitucionais pelo Supremo. Para as entidades, a manutenção da vigência da lei coloca em risco os povos indígenas, podendo gerar danos irreversíveis, paralisar processos de demarcação e consolidar invasões nas terras indígenas.

A ação foi complementada por outra movimentação no STF, na qual o PL, o PP e o Republicanos entraram com uma ação para garantir a validade da lei e do marco temporal. Os partidos alegaram que o Congresso exerceu sua competência legislativa ao validar o marco e argumentaram que, em um regime democrático, a última palavra sempre deve ser do Poder Legislativo em cenários de discordância republicana entre os poderes.

Agora, o Supremo Tribunal Federal terá de avaliar as argumentações de ambos os lados para tomar uma decisão, sem que haja um prazo estipulado para que isso ocorra. Enquanto isso, a questão do marco temporal para a demarcação de terras indígenas continua gerando debate e tensão no cenário político brasileiro.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo