Um levantamento realizado por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) constatou que a emissão de alertas para eventos adversos e desastres por meio de mensagens de texto (SMS) utilizando Códigos de Endereçamento Postal (CEPs) apresenta falhas e ineficácia.
O estudo foi resultado da tese de doutorado de Murilo Noli da Fonseca, um dos responsáveis pela pesquisa, no Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana da PUC-PR. De acordo com Fonseca, o objetivo era entender o processo de alerta de eventos adversos e desastres no Brasil, que se baseia no Cadastro de CEP e é a principal forma utilizada pelos municípios brasileiros, especialmente através da Defesa Civil.
O primeiro passo foi verificar se as pessoas que moram em áreas vulneráveis e de risco de desastres estavam cadastradas para receber os alertas. A surpresa foi constatar que, apesar da suposição de que essas pessoas estariam cadastradas, o número de celulares cadastrados nessas áreas era muito baixo. O estudo teve início em Curitiba, onde foi mapeada a localização das pessoas cadastradas e verificada a vulnerabilidade socioeconômica e ambiental dessas áreas.
Uma das principais limitações identificadas foi a falta de regularização dessas áreas, o que impede a existência de CEP e consequentemente inviabiliza o cadastro dos celulares no sistema da Defesa Civil. Além disso, o cadastramento do CEP é voluntário e enfrenta limitações em termos de recursos e divulgação.
Os resultados do levantamento mostraram que a conscientização e registro dos CEPs variam por região, com variações significativas de cadastramento em áreas de risco. Em Belo Horizonte, 14,38% dos celulares estavam cadastrados, enquanto no Rio de Janeiro o percentual era de 10,72%. Em Manaus, apenas 2,6% dos celulares estavam cadastrados.
O estudo também apontou para a necessidade de aprimorar a forma como as mensagens de alerta são enviadas, considerando que muitas pessoas residentes em áreas de risco podem ter dificuldades de leitura. Além disso, os pesquisadores afirmaram que pretendem ampliar o mapeamento para outras capitais e cidades de porte menor, para verificar e mapear pessoas que cadastraram o WhatsApp para receber alertas.
Por fim, o objetivo é realizar entrevistas em comunidades para identificar as formas mais adequadas para que a informação de alerta possa chegar às pessoas de maneira mais adequada e em tempo hábil. O Brasil é o único país que faz alertas pelo WhatsApp e, por isso, essa plataforma pode representar uma alternativa viável para o cadastro e recebimento de alertas de desastres.