A investigação que levou à sua condenação culminou na Operação Carta de Corso, deflagrada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) em 2021. A operação resultou em diversos mandados de prisão e busca e apreensão e revelou um esquema liderado por Maurício Demétrio que envolvia a cobrança de propina de lojistas da Rua Teresa, um polo comercial têxtil de Petrópolis, na região serrana do estado. Aqueles que se recusavam a pagar os valores exigidos eram alvos de diligências policiais baseadas em provas forjadas. Além disso, desdobramentos da Operação Carta de Corso em 2022 resultaram na prisão do ex-secretário de Estado de Polícia Civil Allan Turnowski, nomeado pelo governador Cláudio Castro em 2020, acusado de contribuir com as operações fraudulentas organizadas por Maurício Demétrio.
Na sentença, o juiz afirmou que o delegado utilizou sua função e a estrutura da polícia para criar um plano complexo, que envolvia a instauração de procedimentos fraudulentos contra diferentes autoridades, incluindo outros delegados que o investigassem. O magistrado também mencionou o alto padrão de vida do réu, que seria incompatível com sua remuneração.
A decisão destaca que o réu promoveu uma intensa exposição pública de seus alvos, por meio de divulgação na mídia, marcada por falsas acusações de crimes. A desconstrução pública da imagem de pessoas, especialmente pelo uso de grandes meios de comunicação, resulta em danos de grande magnitude, impossíveis de ser restabelecidos.
Maurício Demétrio encontra-se preso desde 2021 e não poderá recorrer em liberdade. Apesar disso, ainda cabe recurso. A condenação do delegado sinaliza um marco importante na luta contra a corrupção e a criminalidade no sistema policial do Rio de Janeiro. A sentença demonstra que a justiça está disposta a responsabilizar os agentes públicos que cometem atos ilícitos, garantindo a integridade e a eficácia das instituições policiais.