Vereadores de São Paulo desistem de apoiar CPI que investigaria ONGs e o Padre Júlio Lancellotti

Nas últimas semanas, a Câmara Municipal de São Paulo tem sido palco de uma série de reviravoltas e polêmicas envolvendo a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que pretende investigar a atuação de organizações não governamentais (ONGs) e do Padre Júlio Lancellotti em ações sociais no centro da capital paulista.

O requerimento para a abertura da CPI foi proposto pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil) e recebeu o apoio de 25 vereadores. No entanto, após uma grande repercussão negativa, dez desses vereadores têm agora recuado em seu apoio à comissão. O próprio vereador Gilson Barreto (PSDB) foi o décimo a retirar sua assinatura do requerimento, alegando que, após um estudo mais aprofundado sobre o intuito e as consequências da iniciativa, concluiu que a comissão fiscalizaria as atividades do Padre Lancellotti sem que ele participe de qualquer convênio com a municipalidade, o que ele não pode aceitar.

Xexéu Tripoli (PSDB), outro vereador que retirou sua assinatura, destacou que é revoltante abrir uma CPI para investigar o trabalho humanitário exemplar do religioso. Ele afirmou que não defende a perseguição política a líderes religiosos, e que a investigação de casos suspeitos de mau uso de recursos públicos não pode servir de pretexto para tal perseguição.

A retirada das assinaturas dos vereadores fez com que a CPI não tivesse apoio suficiente para ser protocolada, já que é necessária a aprovação de 19 vereadores. No entanto, segundo a Câmara Municipal de São Paulo, a retirada de assinaturas tem apenas um papel simbólico e não impede o próximo passo para a instauração da comissão, que é a avaliação no Colégio de Líderes.

Considerando toda essa movimentação, fica claro que a CPI terá dificuldade para ser aprovada na Casa legislativa. Apenas para criar e instalar a CPI das ONGs, serão necessários 28 votos dos 55 vereadores da câmara. Além disso, o texto do requerimento para a criação da CPI não traz claramente quais entidades e pessoas serão investigadas, causando ainda mais incerteza sobre o rumo que essa investigação poderá tomar.

Diante de todos esses acontecimentos, a polêmica em torno da CPI das ONGs e do Padre Júlio Lancellotti promete se prolongar e setornar um ponto central de debates dentro da Câmara Municipal de São Paulo. Os desdobramentos dessas ações e o impacto que poderão ter na sociedade paulistana e no trabalho realizado pelas ONGs e pelo próprio religioso continuarão a ser acompanhados atentamente nos próximos dias.

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