Além de enfrentarem o impacto do garimpo em suas terras, os ye’kwana também têm lutado por uma educação que seja adequada às suas tradições e necessidades. Reinaldo Wadeyuna Rocha, um indígena ye’kwana, foi alfabetizado cedo e se tornou professor, buscando adaptar a educação tradicional à moderna. Ele se formou na Universidade Federal de Roraima e hoje trabalha como professor na escola local, contribuindo para a elevada taxa de alfabetização de 80% entre os indígenas ye’kwana.
O Brasil conta atualmente com 178,3 mil escolas de ensino básico, das quais 1,9% estão localizadas em terras indígenas e 2% oferecem educação indígena. Reinaldo, após concluir seu mestrado, desenvolve um projeto em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais para expandir a educação indígena para outras comunidades, baseando-se na experiência ye’kwana. O sociólogo e professor Daniel Bampi destaca a importância de territorializar a educação, adaptando-a às necessidades específicas de cada comunidade.
O projeto de educação não se limita ao ensino básico, buscando construir uma formação em nível médio e técnico na gestão do território para os ye’kwana, enquanto visa articular as necessidades territoriais com o ensino fundamental para os sanöma, um subgrupo da etnia Yanomami. Para Reinaldo, essa educação vai além de apenas transferir conhecimentos, sendo também uma forma de preservar a ancestralidade e os conhecimentos tradicionais dos ye’kwana.
A iniciativa destaca a importância de manter viva a cultura e os ritos dos povos indígenas, mantendo viva a memória de suas tradições para as novas gerações. O exemplo dos ye’kwana pode servir de inspiração e referência para outros povos, incentivando a preservação e a valorização das culturas indígenas em todo o país. O comprometimento de Reinaldo e de outros professores pesquisadores ye’kwana em preservar e divulgar essa herança cultural é fundamental para a continuidade e o fortalecimento da identidade indígena no Brasil.