A minuta inicial do decreto previa as prisões dos ministros do STF, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, e do presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco. Após receber o texto, apresentado por Filipe Martins, ex-assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais – que foi preso preventivamente – Bolsonaro solicitou mudanças a Martins. Na nova versão, apenas a prisão de Moraes e a convocação de novas eleições foram mantidas. O advogado Amauri Saad também foi alvo da operação.
Conforme descrito na decisão, “os elementos informativos colhidos revelaram que Jair Bolsonaro recebeu uma minuta de decreto apresentado por Filipe Martins e Amauri Feres Saad para executar um golpe de Estado, detalhando supostas interferências do Poder Judiciário no Poder Executivo e, ao final, decretava a prisão de diversas autoridades, entre as quais os ministros do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco e, por fim, determinava a realização de novas eleições. Posteriormente, foram realizadas alterações a pedido do então presidente, permanecendo a determinação de prisão do ministro Alexandre de Moraes e a realização de novas eleições”.
Após concordar com o novo texto, Bolsonaro convocou uma reunião com os comandantes das Forças Armadas para apresentar a minuta e pressioná-los a aderirem ao golpe de Estado. A investigação também revelou que o grupo monitorou Alexandre de Moraes para “executar a pretendida ordem de prisão, em caso de consumação do golpe de Estado”.
Os deslocamentos de Moraes entre Brasília e São Paulo foram monitorados pela Polícia Federal. As mensagens trocadas entre Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, e o coronel do Exército, Marcelo Camara, sugerem que Moraes era referido pelo termo “professora”.
Para a polícia, o monitoramento “demonstra que o grupo criminoso tinha intenções reais de consumar a subversão do regime democrático, procedendo a eventual captura e detenção do Chefe do Poder Judiciário Eleitoral”. A situação revela um momento crítico na política brasileira e uma escalada na tensão entre o Executivo e o Judiciário.