Juntamente com o general Braga Netto e os militares Ailton Gonçalves Moraes Barros, o coronel do Exército Bernardo Romão Correa Neto, e o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cesar Cid, Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho integrava o núcleo responsável por incitar militares à aderirem ao golpe de Estado, de acordo com relatório do Supremo Tribunal Federal (STF). As investigações apontam que a organização se dividiu em seis núcleos de atuação na tentativa de golpe.
Os diálogos entre Mauro Cid e Figueiredo Neto, obtidos pela PF, revelaram que Correa Neto sabia horas antes o nome exato dos comandantes militares que seriam expostos pelo empresário e então comentarista em programas de rádio e televisão. O que demonstra, ainda segundo a PF, a existência de ação coordenada para expor e pressionar os militares que não aceitassem aderir aos planos golpistas.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, detalhou no relatório que o grupo de incitação de militares escolhia “alvos para amplificação de ataques pessoais contra militares em posição de comando que resistiam às investigadas golpistas. Os ataques eram realizados a partir da difusão em múltiplos canais e através de influenciadores em posição de autoridade perante a ‘audiência’ militar”.
O contestado empresário era ativo em ações que visavam minar a reputação de militares em posição de comando. Figueiredo Neto, antes de se tornar presidente da República, atuava nos bastidores da ditadura e chegou a comandar o Serviço Nacional de Informações (SNI).
De acordo com as investigações, o coronel do Exército Bernardo Romão Correia Neto e sua participação ativa na organização de uma reunião pela Polícia Federal, que demonstram ações típicas de uma organização criminosa. A postura dos investigados indica a consciência da ilegalidade de suas condutas.
Não é a primeira vez que Figueiredo Neto se vê envolvido em problemas com a Polícia Federal. Em agosto 2019, ele foi preso pela polícia dos Estados Unidos, suspeito de integrar um suposto esquema de pagamento de propinas a dirigentes do BRB, banco controlado pelo governo do Distrito Federal. Além disso, seu nome consta em pelo menos 18 processos em diversos tribunais.
Em 2021, o neto do ex-presidente general Figueiredo foi afastado da programação da rádio Jovem Pan, e em janeiro do ano passado acabou demitido, quando já era investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) por suposta disseminação de desinformação na emissora.
A Agência Brasil procurou Figueiredo Neto e aguarda posicionamento da defesa.