A participação no estudo é voluntária e os participantes serão acompanhados ao longo de dois anos, que é o tempo de duração do estudo. A região de Guaratiba foi escolhida por ter registrado a maior incidência da doença em 2023 e 2024, além de ser uma população com características não migratórias e com cobertura de saúde da família de 100%. O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, destacou a importância do estudo durante a cerimônia de início do estudo, afirmando que será possível acompanhar as pessoas ao longo de dois anos para verificar a eficácia da vacina.
A lista com as iniciais e os cinco primeiros dígitos do CPF dos voluntários convocados está disponível nos sites de saúde. Agentes de saúde farão a convocação dos participantes por meio do WhatsApp, ligação telefônica ou pessoalmente. Os participantes poderão também procurar a unidade de saúde de referência. Não participarão do estudo lactantes, gestantes, pessoas com imunossupressão, quem já se vacinou anteriormente contra a dengue, quem teve a doença nos últimos seis meses, quem recebeu algum hemoderivado nos últimos três meses ou quem apresentou alguma reação de hipersensibilidade a algum dos componentes da vacina.
A aplicação da vacinação será feita de forma escalonada, com os primeiros atendidos sendo os usuários elegíveis cadastrados no Centro Municipal de Saúde Mourão Filho, no bairro de Barra de Guaratiba. A secretária nacional de Vigilância em Saúde e Meio Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, ressaltou a importância do estudo na tomada de decisões em nível global. O diretor do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Eder Gatti, destacou que o Brasil é o primeiro país do mundo a utilizar essa vacina numa estratégia de saúde pública. No entanto, a demanda maior que a capacidade de produção é um empecilho para ampliar a aplicação de doses que não são suficientes para a necessidade do Brasil. Para contornar este problema, a Fiocruz está em entendimentos com o laboratório japonês Takeda para produzir o imunizante no Brasil.
A vacina Qdenga foi aprovada pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias (Conitec), do Ministério da Saúde, e incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS). O imunizante é feito a partir do vírus vivo atenuado e confere proteção contra os quatro subtipos do vírus da dengue existentes: DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4. Com o início desse estudo, espera-se contribuir significativamente para a compreensão da eficácia da vacina contra a dengue na população adulta, auxiliando na tomada de decisões sobre a ampliação da faixa etária recomendada para a imunização.