Pesquisa do Itaú Social mostra que empregos ligados à matemática são mais resilientes e geram mais renda durante crises, mas reproduzem desigualdades.

Pesquisa divulgada na última segunda-feira revelou que os empregos ligados à matemática apresentam uma qualidade muito maior em termos de resiliência às situações de crise do que outras ocupações. Isso se deve ao fato de que tais cargos demandam mais especialização. Durante a pandemia da Covid-19, os trabalhos intensivos em matemática tiveram uma queda de 6,8%, enquanto as demais ocupações apresentaram uma retração de 13,1%.

A gerente de Avaliação e Prospecção do Itaú Social, Fernanda Seidel, destacou que o grau de formalidade e o nível salarial desses empregos são mais altos do que a média dos empregos brasileiros. Mesmo entre as pessoas que possuem ensino superior completo, os trabalhos intensivos em matemática têm um salário que é o dobro daqueles que não são intensivos na disciplina.

Por outro lado, a pesquisa também evidenciou que os trabalhos ligados à matemática reproduzem as desigualdades observadas na aprendizagem da disciplina desde o ensino básico, especialmente entre meninas e pessoas negras. Apesar do potencial econômico desses empregos, a desigualdade na aprendizagem gera disparidades na inserção desses grupos em profissões ligadas à matemática.

Em relação ao mercado de trabalho brasileiro, o estudo constatou a predominância de trabalhadores formais entre as ocupações ligadas à matemática, representando 84% do total, comparado à média da economia brasileira, que registra cerca de 67% de trabalhadores no mercado formal.

Além disso, o estudo apontou que o Brasil emprega um número baixo de pessoas ligadas às profissões vinculadas à matemática, em comparação com outros países. Isso reflete a necessidade de políticas públicas mais focalizadas na aprendizagem e nas profissões relacionadas à matemática, visando um maior desenvolvimento econômico.

O diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), Marcelo Viana, ressaltou a importância estratégica da matemática para o desenvolvimento do país. Ele defende que o Brasil precisa investir de forma estratégica em educação, aproveitando o potencial da matemática para gerar riqueza e desenvolvimento.

Diante desses dados, fica evidente a importância de políticas públicas de incentivo à aprendizagem da matemática, bem como de investimentos em profissões ligadas à disciplina, visando um maior desenvolvimento econômico e a redução das desigualdades. A valorização da matemática desde a educação básica e o incentivo à formação e inserção de pessoas de diferentes grupos sociais nesses campos podem contribuir significativamente para o crescimento econômico do Brasil.

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