O superávit primário representa o saldo positivo das contas do governo, excluindo os juros da dívida pública. O mês de janeiro é tradicionalmente favorável devido ao pagamento trimestral de tributos pelas instituições financeiras.
Em termos nominais, o resultado de janeiro foi o melhor desde que a série histórica foi iniciada, em 1997. Já em valores reais (corrigidos pela inflação), foi o terceiro maior superávit para o mês, perdendo apenas para janeiro de 2022 e 2023.
O resultado surpreendeu as expectativas do mercado, que previam um superávit de R$ 69,8 bilhões para janeiro, de acordo com a pesquisa Prisma Fiscal divulgada pelo Ministério da Economia.
O superávit é a diferença entre as receitas e os gastos do governo, sem considerar o pagamento dos juros da dívida pública. Com medidas para aumentar a arrecadação não aprovadas pelo Congresso, o governo poderá contingenciar gastos no fim de março. No entanto, a arrecadação recorde de janeiro pode diminuir significativamente a necessidade desse corte.
Em relação às receitas, houve um aumento de 7,6% em valores nominais no último mês, enquanto as despesas totais cresceram 11,6%. Destaque para a alta de 6,9% nas receitas administradas, especialmente devido ao aumento da Cofins e da arrecadação de Imposto de Renda Retido na Fonte.
Já as despesas obrigatórias, como o Bolsa Família e a Previdência Social, registraram aumentos significativos em relação ao ano anterior. Os gastos com o funcionalismo federal também subiram, principalmente devido ao pagamento de precatórios e dívidas judiciais.
No que diz respeito aos investimentos, o governo destinou R$ 1,79 bilhão em obras públicas e compra de equipamentos, representando um aumento de 2,8% em relação ao mesmo período de 2023. Essa despesa tem variado nos últimos meses devido ao ritmo irregular no fluxo de obras públicas.
O resultado positivo em janeiro reflete a forte arrecadação do governo, apesar dos desafios enfrentados em meio ao cenário econômico atual.