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Chuvas causam alagamento em canteiro de obras do metrô de SP, expondo sítio arqueológico do Quilombo Saracura, mobilizando a comunidade.

Na última terça-feira (5), a região central da capital paulista foi impactada por fortes chuvas que resultaram no alagamento do canteiro de obras da Estação Saracura/14 Bis, que faz parte da futura linha Laranja do Metrô. O local, onde está sendo realizada a escavação, revelou a existência de um sítio arqueológico que pode conter vestígios do Quilombo Saracura, datado do século 19.

O Movimento Mobiliza Saracura Vai-Vai, que tem como objetivo preservar a história da população negra na região, solicitou medidas de contenção de danos ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Além do alagamento, o rompimento de um duto ocasionou uma grande erosão que destruiu parte da calçada e arrastou dois carros na Rua Paim, onde outra parte das obras do metrô está localizada, a poucos metros do canteiro com o sítio arqueológico.

Em fevereiro do ano passado, o Iphan recomendou a interrupção dos trabalhos arqueológicos devido ao período chuvoso, exigindo da Linha Uni, concessionária responsável pelas obras, documentação e laudos sobre a segurança no canteiro. As intervenções foram retomadas apenas em julho após atender às exigências do Iphan. Em novembro do mesmo ano, a Polícia Federal observou descumprimento das determinações do Iphan durante uma fiscalização no local.

No período de julho a setembro, aproximadamente 7.1 mil itens arqueológicos foram retirados do sítio, incluindo fragmentos de cerâmica, vidro, dentes de animais, entre outros artefatos do século 20. Destacam-se um cachimbo cerâmico e uma panela com cabo, possivelmente utilizados por populações afro-brasileiras em rituais históricos.

Apesar das dificuldades enfrentadas pelas equipes de arqueologia devido às chuvas, os trabalhos de resgate dos objetos foram retomados. O sítio arqueológico foi identificado em 2022, após o início das obras da Estação Saracura/14 Bis, que levaram ao desalojamento da Escola de Samba Vai-Vai, fundada por descendentes do Quilombo Saracura.

O movimento Saracura Vai-Vai reivindica a revisão do licenciamento das obras, já que as autorizações são alvo de investigação pelo Ministério Público Federal. A Linha Uni, responsável pela construção da Linha Laranja do Metrô, é majoritariamente controlada pelo grupo espanhol Acciona, com participações do banco Société Générale e do fundo Stoa, ambos franceses. A Agência Brasil busca um posicionamento da Linha Uni sobre o caso.

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