O relatório, consolidado a partir das informações preenchidas no eSocial por 49.587 empresas com 100 ou mais funcionários, expõe a realidade remuneratória dos trabalhadores nas empresas e suas políticas de incentivo à contratação e promoção na perspectiva de gênero. Infelizmente, os resultados do relatório confirmam a existência de uma grande disparidade salarial entre homens e mulheres.
De acordo com os dados apresentados, a diferença salarial entre os gêneros pode variar dependendo do grande grupo ocupacional. Em cargos de dirigentes e gerentes, por exemplo, a diferença de remuneração chega a 25,2%. Além disso, o relatório revela que as mulheres negras são as mais prejudicadas, recebendo em média 68% do salário dos homens não-negros.
O relatório também apontou a falta de políticas de incentivo à contratação, permanência e ascensão profissional das mulheres nas empresas. Apenas 32,6% das empresas possuem políticas de incentivo à contratação de mulheres, e poucas empresas adotam políticas como flexibilização de regime de trabalho para apoio à parentalidade e auxílio-creche.
Os estados brasileiros também apresentam diferenças significativas em relação à desigualdade salarial entre homens e mulheres. O Distrito Federal é a unidade da federação com menor disparidade salarial, enquanto São Paulo concentra o maior número de mulheres celetistas, com uma diferença salarial de 19,1%.
Diante desse cenário preocupante, as empresas têm até domingo para divulgar o relatório de transparência salarial e estarão sujeitas a multas caso não cumpram essa determinação. A legislação prevê que as empresas com diferença salarial comprovada terão 90 dias para elaborar um Plano de Ação para Mitigação da Desigualdade Salarial e de Critérios Remuneratórios.
Para denunciar casos de desigualdade salarial, os trabalhadores podem recorrer à Carteira de Trabalho Digital e esclarecer dúvidas sobre a lei através da Cartilha Tira-Dúvidas lançada pelo Ministério das Mulheres em parceria com o MTE. A busca por equidade salarial entre homens e mulheres é essencial para garantir um mercado de trabalho mais justo e igualitário.