O MST criticou veementemente a abordagem policial, alegando que mais de dez viaturas foram mobilizadas para cercar o Assentamento Josué de Castro, que possui regularização pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) desde 2007. Além disso, o movimento denunciou intimidações às famílias assentadas, invasão de privacidade com o uso de drones e até mesmo bloqueio de sinal de celular.
Essa situação aconteceu apenas três dias após o Ministério Público Federal (MPF) anunciar que está investigando ações supostamente desproporcionais da polícia em assentamentos de reforma agrária em Campos dos Goytacazes. A deputada estadual Lucia Marina dos Santos, conhecida como Marina do MST, expressou sua lamentação através das redes sociais, questionando o porquê da PM não permitir a comunicação das famílias do assentamento.
A Secretaria de Estado de Polícia Militar confirmou que a operação tinha como objetivo garantir a segurança e a ordem na região, devido a possíveis invasões ilegais a propriedades locais. Equipes do 8º Batalhão de Polícia Militar e da 146ª Delegacia da Polícia Civil foram acionadas para atuar na região do Morro do Coco, com base em dados estratégicos compartilhados que orientaram a estratégia de atuação.
Até o momento, não houve informações sobre detenções durante a operação. No entanto, a ação policial em Campos dos Goytacazes coincidiu com o início da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária organizada pelo MST. Nessa jornada, diversas ações são realizadas em todo o país para ressaltar a importância da reforma agrária na garantia de segurança alimentar, proteção ambiental e democratização da terra.
Em Campos dos Goytacazes, cerca de 300 famílias ocuparam às margens da BR-101 em protesto pela conclusão do processo de regularização do assentamento Cícero Guedes. Os manifestantes também criticaram a atuação dos agentes de segurança pública na região, acusando-os de conluio com proprietários rurais e de tentar impedir direitos básicos como o de reunião e associação. O MST ressaltou ainda que a reforma agrária é uma política pública prevista na Constituição e essencial para a vida digna de milhares de famílias.
O MPF também está acompanhando o caso, investigando denúncias de ações policiais desproporcionais nos assentamentos de reforma agrária em Campos dos Goytacazes. Ofícios foram enviados às secretarias de Estado de Segurança Pública e de Polícia Militar para solicitar esclarecimentos e providências sobre as denúncias de intimidação policial contra os assentados rurais. A investigação visa apurar a existência de milícias rurais atuando para restringir os direitos fundamentais das comunidades no campo.