Operação policial revela ligação de empresas de ônibus de São Paulo com facção criminosa, resultando em prisões e intervenção da prefeitura

Na última semana, uma operação policial intitulada “Fim da Linha” chocou a cidade de São Paulo ao revelar a ligação de diretores das empresas de ônibus Transwolff e UPBus com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). A investigação resultou na prisão de seis pessoas até o momento, levantando questionamentos sobre a fiscalização do transporte público na capital paulista.

Para o coordenador do Programa de Mobilidade Urbana do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Rafael Calabria, a operação evidenciou a falta de transparência na forma como as empresas recebem subsídios da administração municipal. No ano passado, as empresas em questão receberam cerca de R$ 800 milhões em remuneração da prefeitura. Calabria ressaltou a importância de aprimorar os processos de licitações e contratações dessas empresas para evitar situações semelhantes no futuro.

As suspeitas de envolvimento do crime organizado com empresas que prestam serviços públicos não são novas, especialmente no setor de transporte. Desde os anos 90, há relatos de associações do PCC com grupos de perueiros clandestinos, o que posteriormente evoluiu para cooperativas regulamentadas. A falta de regulamentação do transporte público na época permitiu a clandestinidade e a vulnerabilidade do setor.

Com a implementação da política de subsídios, as empresas passaram a ser remuneradas pela prefeitura, possibilitando a continuidade de linhas de ônibus menos lucrativas e mantendo as tarifas em um patamar acessível. No entanto, o sistema de remuneração baseado no número de passageiros transportados pode favorecer práticas questionáveis por parte das empresas.

Se por um lado defensores como Rafael Calabria propõem mudanças na remuneração dos subsídios para garantir maior controle e transparência, Horácio Augusto Figueira, consultor em engenharia de transporte de pessoas, ressalta a necessidade de reformulações mais abrangentes no sistema logístico de transporte da capital paulista.

Diante das prisões dos diretores e da revelação das conexões com o crime organizado, a prefeitura de São Paulo interveio nas empresas Transwolff e UPBus, garantindo a continuidade dos serviços sem prejuízos aos passageiros. A SPTrans, responsável pela administração do transporte por ônibus na cidade, afirmou que em média 2,5 milhões de pessoas são transportadas diariamente por uma frota de 12 mil ônibus distribuídos em 1,3 mil linhas.

Até o momento, a prefeitura e a SPTrans não se manifestaram sobre o pagamento de subsídios às empresas de ônibus. A população aguarda por respostas e medidas que garantam um transporte público eficiente e seguro em São Paulo.

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