Ministro do STF é acusado de censura após solicitar bloqueio de contas no Twitter, apontam jornalistas em audiência na Câmara.

Na tarde de terça-feira, jornalistas prestaram depoimento à Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, acusando o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, de censura ao solicitar o bloqueio de contas na rede social X (antigo Twitter).

Um dos jornalistas ouvidos foi o norte-americano Michael Shellenberger, responsável por divulgar o caso conhecido como Twitter Files Brasil, envolvendo e-mails trocados por funcionários da plataforma X sobre decisões judiciais brasileiras. Shellenberger acredita que Moraes está tentando censurar seus oponentes políticos.

Durante a audiência, Shellenberger defendeu a liberdade de expressão, mesmo para ideias consideradas ruins, como as de nazistas e fascistas. Ele destacou que nos Estados Unidos essa liberdade é um direito absoluto, ao passo que no Brasil existem restrições, como no caso da apologia ao nazismo e ao racismo.

Outro jornalista norte-americano presente foi Glenn Greenwald, colunista do jornal Folha de S. Paulo e fundador do site The Intercept. Greenwald criticou a atuação de Moraes, afirmando que as remoções de postagens e banimentos de contas, inclusive de parlamentares, ocorreram sem aviso prévio e sem explicação dos motivos, desrespeitando o devido processo legal.

O deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), responsável por convocar a audiência, denunciou que foi alvo de pedidos de remoção de conteúdo de forma sigilosa e afirmou que a censura em curso representa um processo industrial e uma perseguição covarde aos desafetos do ministro Alexandre de Moraes.

Por outro lado, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) lamentou a ausência de contraditório na audiência, notando que todos os convidados defendiam o mesmo ponto de vista. Ele ainda destacou que o Brasil não está entre os países com mais solicitações de remoção de conteúdo na plataforma X, contestando a caracterização do país como censurador.

A discussão também abordou o Marco Civil da Internet e a regulamentação das redes sociais, levantando questões sobre liberdade de expressão, direito de mentir, proteção da privacidade e combate às fake news. Além disso, críticas foram feitas ao Projeto de Lei das Fake News e à atuação da Justiça brasileira em relação aos dados dos usuários da plataforma X.

Diante de todas essas polêmicas, o debate sobre censura, liberdade de expressão e regulação das plataformas digitais continua em pauta, aguardando desdobramentos e possíveis ações futuras das autoridades competentes.

Por Lara Haje – Atualizado por Ana Chalub.

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