Os dados alarmantes foram divulgados nesta segunda-feira (22), em Brasília, pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), que revelou que as regiões mais afetadas pelos conflitos foram o Norte e o Nordeste, com 810 e 665 ocorrências, respectivamente. Em seguida, o Centro-Oeste, Sudeste e Sul também apresentaram números preocupantes, com 353, 207 e 168 conflitos, respectivamente.
A terra, mais uma vez, foi o principal motivo dos conflitos no campo, representando 78,2% do total de ocorrências, com 1.724 disputas registradas em 2023. Além disso, houve 225 casos de conflitos por água e 251 casos de trabalho escravo contemporâneo na zona rural. O relatório também apontou um aumento de 7,6% nos casos de violência contra a ocupação e a posse, impactando 187.307 famílias.
Outro ponto de destaque foi a aprovação da tese do marco temporal no Congresso Nacional em setembro de 2023, que definiu que os povos originários só têm direito aos territórios ocupados até a promulgação da Constituição Federal, em 1988. Essa decisão gerou polêmica e aumentou a fragilização dos indígenas, que continuam sendo as principais vítimas da violência no campo.
Diante desse cenário preocupante, o coordenador nacional da CPT, Ronilson Costa, ressaltou a importância de políticas efetivas para o campo, que garantam vida digna para as comunidades tradicionais e povos originários. O governo federal anunciou a compra das primeiras vinte propriedades para reforma agrária pelo programa Terra da Gente, mas ainda há muito a ser feito para combater a violência no campo e garantir a segurança e o direito à terra para todos os brasileiros.