Descontentamento sul-africano causa reviravolta eleitoral: ANC perde apoio histórico e pode precisar de coalizão para governar.

Nas eleições desta semana na África do Sul, os sul-africanos demonstraram sua insatisfação com o desemprego, a desigualdade e a escassez de energia, reduzindo o apoio ao Congresso Nacional Africano (ANC) para 40%. Esse resultado representa uma queda significativa em relação aos 57,5% obtidos pelo ANC nas eleições anteriores, em 2019, e marca o fim de três décadas de domínio do partido que liderou a luta contra o apartheid no país.

O presidente do ANC e atual ministro das Minas e da Energia, Gwede Mantashe, afirmou que o partido está aberto a negociar com diferentes grupos políticos para manter o poder, o que seria uma situação inédita na história política da África do Sul. A contagem dos votos estava sendo finalizada, com 99,53% das urnas apuradas até o momento, garantindo ao ANC 40,21% dos votos.

Os resultados também mostraram um aumento no apoio à Aliança Democrática (DA), que obteve 21,80% dos votos, ao uMkhonto we Sizwe (MK), um novo partido liderado pelo ex-presidente Jacob Zuma, com 14,60%, e aos Combatentes pela Liberdade Econômica (EFF), de extrema-esquerda, liderado por Julius Malema, que conquistou 9,48% dos votos.

Malema, em declaração aos jornalistas durante a contagem dos votos, afirmou que o objetivo do EFF era diminuir o apoio ao ANC abaixo dos 50%, o que foi alcançado. Ele destacou a intenção de negociar com o ANC para formar uma possível coligação, porém ressaltou que o EFF preferia uma coligação a um “governo de unidade nacional”, ideia que foi descartada pelo partido.

Os analistas políticos veem a possibilidade de o ANC buscar um acordo de “governo de unidade nacional”, envolvendo diversos partidos, ao invés de uma coligação formal. Essa estratégia seria semelhante ao acordo firmado após a primeira eleição democrática em 1994, que marcou o fim do apartheid e estabeleceu um governo inclusivo.

A comissão eleitoral prevê a divulgação dos resultados finais no domingo. A África do Sul aguarda, então, para saber como será a configuração do novo governo e quem será o próximo presidente do país.

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