O dermatologista Marcelo Rosandiski Lyra, pesquisador do Laboratório de Pesquisa Clínica e Vigilância em Leishmanioses da Fiocruz, ressaltou a importância de buscar alternativas menos agressivas para o tratamento da leishmaniose cutânea. Ele explicou que os tratamentos convencionais podem causar dores musculares, dores de cabeça e uma série de complicações, mesmo para os pacientes que não chegam a óbito.
O estudo coordenado por Lyra no Rio de Janeiro propôs uma mudança significativa no tratamento da leishmaniose cutânea, introduzindo a terapia intralesional, na qual o medicamento é aplicado diretamente na lesão. Os resultados do estudo, que acompanhou dois grupos de pacientes por dois anos, demonstraram uma taxa de cura de 83% com este novo tratamento, em comparação com os 68% do tratamento convencional.
Além disso, o estudo contou com o apoio de diversas instituições renomadas, como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade de Brasília (UNB), o que confere maior credibilidade aos resultados obtidos. Para Marcelo Lyra, é importante que essas parcerias contribuam para a disseminação e aplicação mais ampla do novo tratamento.
A leishmaniose é uma doença tropical causada por protozoários transmitidos pela picada de insetos hematófagos, como os flebótomos. Existem dois tipos principais da doença, a cutânea e a visceral, sendo esta última mais grave, podendo levar à morte em até 90% dos casos não tratados.
O sucesso do tratamento intralesional desenvolvido no estudo da Fiocruz foi reconhecido internacionalmente, sendo premiado em congressos da área. O paciente Fernando Correa Losada, que foi tratado com essa nova abordagem, relatou uma resposta excelente ao tratamento e comprovou sua cura após realizar exames específicos.
A introdução deste novo método de tratamento para a leishmaniose cutânea traz esperança para milhares de pacientes, oferecendo uma alternativa mais segura e eficaz, com menor incidência de efeitos colaterais. Espera-se que estas descobertas possam contribuir significativamente para a melhoria da saúde pública e para a redução dos custos associados ao tratamento da doença.