Governo federal anula leilão de compra de arroz importado pela Conab após suspeitas de fragilidades nas empresas vencedoras.

O governo federal tomou uma decisão surpreendente ao anular o leilão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e cancelar a compra de 263,3 mil toneladas de arroz importadas para o país. A informação foi divulgada pelo presidente da Conab, Edegar Pretto, e pelos ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, após uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto.

A justificativa do governo para essa decisão foi a constatação de que a maioria das empresas vencedoras do leilão apresentava fragilidades, indicando uma falta de capacidade financeira para operar um volume financeiro tão significativo. As mais de 260 mil toneladas de arroz arrematadas representavam 87% das 300 mil toneladas autorizadas para essa primeira operação. Mais de R$ 7 bilhões foram disponibilizados para a compra de até 1 milhão de toneladas de arroz.

O ministro Fávaro enfatizou a importância de avaliar a capacidade das empresas participantes, considerando que se trata de dinheiro público que deve ser tratado com responsabilidade. Apesar de nenhum recurso ter sido transferido até o momento, o governo optou por cancelar o leilão para garantir a segurança jurídica e transparência do processo.

Além disso, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, pediu demissão após suspeitas de conflito de interesse. O diretor de Abastecimento da Conab, Thiago dos Santos, responsável pelo leilão, era uma indicação direta de Geller. A principal corretora do leilão, FOCO Corretora de Grãos, pertence ao empresário Robson Almeida de França, ex-assessor parlamentar de Geller, o que levantou questionamentos sobre possíveis favorecimentos.

Diante dessas circunstâncias, um novo edital será publicado com alterações nos mecanismos de transparência e segurança jurídica para um futuro leilão de arroz importado. A demissão de Neri Geller evidencia a preocupação do governo em garantir a lisura dos processos e a boa gestão dos recursos públicos.

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