Projeto de Lei em tramitação na Câmara dos Deputados pode restringir acesso às praias a empreendimentos turísticos de luxo

Recentemente, um projeto de lei vem gerando polêmica e discussões entre os parlamentares da Câmara dos Deputados. O PL 4.444/2021, de autoria do deputado federal Isnaldo Bulhões (MDB-AL), propõe a possibilidade de as praias de cada município litorâneo terem até 10% da área com acesso restrito, beneficiando os usuários de empreendimentos turísticos, como hotéis de luxo.

A proposta objetiva incentivar a criação de Zonas Especiais de Uso Turístico (Zetur), delimitando uma parcela da faixa de areia de cada município. Essa área restrita teria acesso limitado a pessoas não autorizadas, sendo destinada apenas a empreendimentos turísticos autorizados pelo Ministério do Turismo.

Apresentado em dezembro de 2021, o projeto faz parte de um conjunto de mudanças que visam a eficiente gestão do patrimônio imobiliário federal. Em fevereiro de 2022, a urgência para a votação do projeto foi aprovada com ampla maioria na Câmara, contando com o apoio do governo de Jair Bolsonaro e enfrentando resistência dos partidos de oposição, como PT, PSB, PSOL, PCdoB e Rede.

Em paralelo, a PEC das Praias (3/2022) também tem sido alvo de debates acalorados. O projeto, em tramitação no Senado, propõe transferir a propriedade dos terrenos de marinha, atualmente sob domínio da União, para estados, municípios e proprietários privados. Essa medida levanta preocupações sobre a possibilidade de privatização de praias e impactos ambientais decorrentes do mau uso dessas áreas.

Diante das críticas e da pressão pública, o relator da PEC, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), anunciou uma alteração no projeto para assegurar que as praias são bens públicos de uso comum, garantindo livre acesso a elas e ao mar. Contudo, a mudança ainda não foi oficializada no sistema do Senado.

Enquanto isso, um projeto aprovado no Senado, relatado pelo próprio senador Flávio Bolsonaro, incentiva a criação de Áreas de Interesse Turístico (Aeits), mas não prevê a restrição de acesso às praias, como propõe o PL 4.444. A medida agora aguarda análise e deliberação da Câmara dos Deputados.

Em meio a essas discussões, a sociedade civil e especialistas ambientais demonstram preocupações quanto aos potenciais impactos da ampliação do acesso restrito em zonas turísticas e a possibilidade de privatização de áreas costeiras brasileiras, exigindo um debate amplo e transparente por parte dos legisladores.

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