Os depoimentos presentes no livro oferecem uma visão única sobre os acontecimentos golpistas da época e as consequências imediatas e posteriores para as famílias. As histórias contadas vão desde situações corriqueiras do ambiente doméstico, como o armazenamento de alimentos pelas mães e o apagar total das luzes da casa pelos pais, até momentos de grande tensão, como o relato de Luiz Philippe Torelly, que recorda o momento em que seu pai o retirou apressadamente de uma barbearia em Brasília devido ao início do golpe militar.
Além disso, o livro também aborda relatos de pessoas que sofreram diretamente com a ditadura, como a jornalista Mônica Maria Rebelo Velloso, que conta a história de uma prima perseguida, traumatizada e que acabou tirando a própria vida após ter sido presa e ter perdido o filho.
Entre os muitos testemunhos presentes na publicação, há relatos sobre a queima de livros considerados “subversivos” e sobre estratégias para despistar os militares e salvar obras literárias. As memórias compartilhadas pelos entrevistados revelam como os primeiros anos da ditadura influenciaram a formação política de crianças e adolescentes, despertando neles noções de perseguição e resistência.
O livro “1964 – Eu Era Criança e Vivi”, organizado por Márcio Viana e Rita Nardelli, será lançado em Brasília e no Rio de Janeiro na próxima semana. Em Brasília, o lançamento acontecerá na Livraria Sebinho, na terça-feira (18), das 17h às 21h. Já no Rio de Janeiro, a obra será apresentada na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), na quinta-feira (20), também das 17h às 21h.