Denise descreveu cenários de violência extrema, onde foi espancada, torturada com choques elétricos e submetida a ameaças de morte por agentes do regime. O relato, chocante e impactante, revela a verdadeira crueldade que marcou aquele período obscuro da história brasileira. As sessões de tortura se estenderam por dias, até que Denise entrou em trabalho de parto e deu à luz sua filha prematura, em condições desumanas.
A atmosfera de terror foi ainda mais agravada quando Denise mencionou as condições desumanas em que estava detida, nas instalações do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) em São Paulo. Ela descreveu as agressões físicas e psicológicas sofridas, sem saber se sobreviveria para ver sua filha nascer.
Após seu relato, Denise foi condenada a 10 anos de prisão pela Justiça Militar, privando-a de seus direitos políticos e impondo mais sofrimento a uma alma já dilacerada. Seus relatos de horror foram documentados e reconhecidos pela Comissão da Anistia em 2009, mas a busca por justiça e reparação ainda persiste.
O caso apresentado à Corte IDH envolve não apenas a tragédia de Denise, mas também o martírio de Eduardo Collen Leite, conhecido como Bacuri, outro militante político vítima da repressão brutal do regime militar. Bacuri foi submetido a extensas sessões de tortura e, posteriormente, executado pelo Estado, demonstrando a crueldade e a impunidade que prevaleciam na época.
O depoimento de Denise revela a urgente necessidade de responsabilização e reparação para as vítimas dos abusos cometidos durante a ditadura. A ativação da Comissão Nacional de Mortos e Desaparecidos Políticos pelo atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, demonstra um passo positivo em direção à justiça e à verdade. No entanto, a batalha por justiça continua, e a Corte IDH desempenha um papel fundamental na busca por reparação e responsabilização pelos crimes contra a humanidade cometidos no passado sombrio do Brasil.