Confronto entre indígenas e produtores rurais marca ocupação de território tradicional em Douradina (MS)

Na pequena cidade de Douradina, no estado do Mato Grosso do Sul, um confronto entre produtores rurais e indígenas guaranis e kaiowás tomou conta das manchetes nos últimos dias. A disputa gira em torno da ocupação de uma área reivindicada como território tradicional indígena, onde os guaranis e kaiowás decidiram retomar parte dos 12,1 mil hectares já demarcados para usufruto exclusivo das comunidades indígenas.

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) revelou que o processo de demarcação da Terra Indígena Panambi (GuyraKambi’y) está paralisado desde 2011, mesmo com o reconhecimento e estabelecimento dos limites do território pelo Estado brasileiro. Em 2016, a demarcação foi anulada por uma sentença judicial da 1ª Vara Federal de Dourados.

A assembleia Aty Guasu, principal organização política e social das etnias guarani e kaiowá, explicou que a decisão de ocupar o território foi motivada pela espera prolongada pela homologação e regularização do território ancestral. Em meio a essa reivindicação, os indígenas foram alvo de ataques por parte de fazendeiros locais, resultando em um indígena ferido por um tiro na perna.

Diante da situação, a Aty Guasu fez um apelo urgente por socorro, alegando que os indígenas estão sendo alvo de ameaças e promessas de massacre. A organização afirmou que acionou os órgãos públicos federais e estaduais para garantir a segurança dos indígenas.

A Polícia Civil iniciou uma investigação sobre o tiroteio, e a Defensoria Pública da União (DPU) expressou preocupação e mobilização para atuar diante dos graves acontecimentos em Douradina. A DPU pretende solicitar a presença da Força Nacional no local do conflito para garantir a integridade física das pessoas envolvidas.

A busca pelo direito à demarcação do território indígena é amparada pela Constituição Federal, mas a luta dos guaranis e kaiowás em Douradina mostra que esse processo ainda enfrenta desafios e resistências por parte de outros setores da sociedade. A situação atual exige atenção e ação imediata para evitar mais conflitos e garantir a segurança e os direitos das comunidades indígenas.

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