Fernanda Kaingáng, primeira indígena à frente do Museu Nacional dos Povos Indígenas, busca reabertura e repatriação de acervos históricos.

Fernanda Kaingáng, advogada e a primeira indígena a concluir mestrado em Direito na Universidade de Brasília (UnB) e doutora em patrimônio cultural na Universidade de Leiden, Holanda, assumiu a direção do Museu Nacional dos Povos Indígenas, localizado no Rio de Janeiro. Seu principal desafio é reabrir o museu para visitação pública, o qual está fechado há quase oito anos.

Durante sua gestão, Fernanda Kaingáng busca promover discussões que visam descolonizar mentes e corações, contribuindo para acabar com o genocídio histórico dos povos indígenas. Ela destaca que a invisibilidade dos povos indígenas não foi por desconhecimento, mas sim por negação de direitos.

O Museu, criado em 1953 por Darcy Ribeiro, vinculado à Funai, é responsável pela preservação e divulgação do patrimônio cultural indígena no Brasil. A mudança de nomenclatura para Museu Nacional dos Povos Indígenas é uma das propostas da gestão atual, visando valorizar a diversidade dos povos.

Fernanda Kaingáng destaca a importância do museu ser um centro de referência na produção de políticas públicas culturais para povos indígenas e promover a resistência e luta pelos direitos indígenas. A repatriação de itens culturais, como o manto Tupinambá, e a formação de um protocolo para retorno de peças de museus estrangeiros são temas que estão em discussão.

A gestora enfatiza a necessidade de respeitar as tradições e o sagrado dos povos indígenas, garantindo sua participação nas decisões sobre a conservação do patrimônio cultural. Ela também aponta a urgência de fortalecer os museus nos territórios indígenas e promover a inclusão de profissionais indígenas na área.

Em relação à Aldeia Maracanã, Fernanda Kaingáng defende a preservação do espaço e critica a violência e ameaças de despejo contra os povos indígenas que lá vivem. Ela ressalta que o museu é um instrumento para descolonizar mentes e corações, promovendo respeito aos direitos indígenas e lutando contra o genocídio histórico que ocorre há séculos.

Fernanda Kaingáng destaca que o Museu Nacional dos Povos Indígenas não se exime de declarar emergência climática e propõe reflexões sobre os caminhos para a humanidade, alertando para os perigos decorrentes da exploração irresponsável do planeta. Ela enfatiza a importância da diversidade cultural e da preservação dos povos indígenas para construir um futuro possível e sustentável.

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