Ataque armado a acampamentos guarani-kaiowá em MS gera confronto e destruição de pertences pessoais e símbolos culturais.

Na noite deste domingo (4), acampamentos guarani-kaiowá situados em Douradina, no estado de Mato Grosso do Sul, foram alvos de um ataque violento por homens armados. As denúncias feitas por indígenas e entidades indigenistas apontam que durante o incidente ao menos um indígena foi ferido por balas de borracha, além de barracos, pertences pessoais e símbolos da cosmologia guarani-kaiowá terem sido destruídos e incendiados.

A região onde ocorreram os ataques é conhecida como Retomada Yvy Ajere, situada dentro da área já demarcada da Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica. Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram a presença ostensiva de caminhonetes, tratores e automóveis no local. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a ação ocorreu logo após perfis ruralistas divulgarem nas redes sociais informações sobre supostas invasões de fazendas por parte dos indígenas.

Esses ataques fazem parte de uma estratégia dos guarani-kaiowá para pressionar o governo federal a finalizar o processo de demarcação de suas terras. Apenas na área delimitada para a Terra Indígena Panambi-Lagoa Panambi, sete espaços foram retomados pelos indígenas em busca de seus direitos territoriais.

No sábado (3), incidentes semelhantes ocorreram na região, onde um grupo armado atacou indígenas acampados e deixou oito pessoas feridas, conforme informações do Ministério dos Povos Indígenas. A Força Nacional de Segurança Pública relatou que o ataque aconteceu enquanto os agentes patrulhavam a área.

Diante desses conflitos, a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) tem cobrado uma solução para a “insegurança jurídica no campo”. A entidade destaca que mais de 283 mil hectares de terras estaduais foram demarcados como territórios exclusivos dos indígenas, afetando 903 propriedades rurais em 30 cidades do estado. O presidente da Famasul ressaltou a necessidade de encontrar uma solução que respeite tanto os direitos dos indígenas quanto dos produtores rurais, evitando injustiças no processo.

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