Representantes do movimento negro e parlamentares se unem contra proposta polêmica de anistia a partidos políticos em debate na Comissão de Direitos Humanos.

Nesta segunda-feira (12), durante uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos (CDH), parlamentares e representantes do movimento negro manifestaram sua posição contrária à proposta de emenda à Constituição (PEC) 9/2023, que busca anistiar partidos políticos que deixaram de financiar candidaturas de pessoas pretas e pardas nas eleições.

O senador Paulo Paim (PT-RS), presidente do colegiado e autor do requerimento de debate, classificou a proposta como “constrangedora” e expressou sua fé de que o Senado irá modificar a proposta ou ao menos adiar a votação para permitir um debate mais aprofundado nos próximos anos. A deputada Reginete Bispo (PT-RS) também destacou sua preocupação com a destinação de recursos prevista na PEC, argumentando que o limite de 30% para candidaturas pretas e pardas pode limitar a participação e representatividade dessas pessoas nas eleições.

Outros participantes da audiência, como a ministra substituta do Tribunal Superior Eleitoral Vera Lúcia Santana Araújo, o representante da Educafro Brasil Frei David dos Santos e a representante do Núcleo de Base de Mulheres Negras do PT Aline Karina, reforçaram a posição contrária à PEC, apontando-a como um retrocesso na luta pela igualdade racial e uma ameaça à representatividade das comunidades negras na política.

Além disso, houve críticas à proposta por parte da representante da Coalizão Negra por Direitos, Iyá Sandrali Bueno, do Instituto Marielle Franco, Giovanni Oliveira, e da representante do Instituto de Referência Negra Peregum, Beatriz Lourenço. Todos apontaram a anistia proposta como um obstáculo ao avanço das minorias e um mecanismo para manter o privilégio branco e masculino no sistema político.

A PEC 9/2023 aguarda relatório do senador Marcelo Castro (MDB-PI) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e está prevista para ser votada na próxima quarta-feira (14). A discussão em torno desse tema tem gerado debates intensos e levantado questões importantes sobre representatividade e igualdade racial no contexto político brasileiro.

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