Aumento de 70% no número de brasileiros despejados entre 2022 e 2024, aponta pesquisa da Campanha Nacional Despejo Zero

Um levantamento inédito divulgado pela Campanha Nacional Despejo Zero revelou que mais de 1,5 milhão de brasileiros foram vítimas de despejos ou remoções forçadas entre outubro de 2022 e julho de 2024. Esse número representou um aumento de 70% em relação ao período anterior, que registrou 898.916 pessoas nessas situações. O mapeamento abrange casos individuais e coletivos de remoções forçadas, envolvendo tanto processos judiciais quanto administrativos promovidos pelo poder público.

A gerente de Incidência Política da organização Habitat para a Humanidade Brasil, Raquel Ludermir, apontou que o aumento dos despejos pode estar relacionado à suspensão temporária dessas ações durante a pandemia de covid-19, determinada pelo Supremo Tribunal Federal. Com o fim da proibição, muitos casos represados foram retomados, o que resultou em um crescimento expressivo de despejos legais. Além disso, o aumento do custo de vida durante a pandemia também impulsionou a busca por ocupações urbanas como alternativa de moradia.

O levantamento destacou que a crise habitacional no Brasil é marcada por questões de classe, gênero e raça, com a maioria das vítimas sendo pessoas negras, mulheres e com renda de até dois salários mínimos. Crianças e idosos representam uma parcela significativa dos afetados, demonstrando a gravidade do problema habitacional no país. A pesquisa ressalta que esses números podem ser ainda maiores, uma vez que não incluem a população em situação de rua e pessoas ameaçadas por desastres socioambientais.

As remoções forçadas são motivadas principalmente por reintegração de posse e grandes obras, sendo essencial repensar o impacto dessas ações sobre as populações mais vulneráveis. A gerente da organização defende a necessidade de uma política nacional de mediação de conflitos fundiários e a revisão de propostas legislativas que possam agravar a situação dessas pessoas. O mapeamento completo pode ser consultado no site da Campanha Nacional Despejo Zero.

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