A gerente de Incidência Política da organização Habitat para a Humanidade Brasil, Raquel Ludermir, apontou que o aumento dos despejos pode estar relacionado à suspensão temporária dessas ações durante a pandemia de covid-19, determinada pelo Supremo Tribunal Federal. Com o fim da proibição, muitos casos represados foram retomados, o que resultou em um crescimento expressivo de despejos legais. Além disso, o aumento do custo de vida durante a pandemia também impulsionou a busca por ocupações urbanas como alternativa de moradia.
O levantamento destacou que a crise habitacional no Brasil é marcada por questões de classe, gênero e raça, com a maioria das vítimas sendo pessoas negras, mulheres e com renda de até dois salários mínimos. Crianças e idosos representam uma parcela significativa dos afetados, demonstrando a gravidade do problema habitacional no país. A pesquisa ressalta que esses números podem ser ainda maiores, uma vez que não incluem a população em situação de rua e pessoas ameaçadas por desastres socioambientais.
As remoções forçadas são motivadas principalmente por reintegração de posse e grandes obras, sendo essencial repensar o impacto dessas ações sobre as populações mais vulneráveis. A gerente da organização defende a necessidade de uma política nacional de mediação de conflitos fundiários e a revisão de propostas legislativas que possam agravar a situação dessas pessoas. O mapeamento completo pode ser consultado no site da Campanha Nacional Despejo Zero.