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Violência e violações: relatório evidencia abusos sexuais e negligências em unidades de cumprimento de medidas socioeducativas no Brasil.

Monalisa Teixeira, aos 35 anos, revelou ter sido vítima de abuso sexual em uma unidade de cumprimento de medidas socioeducativas, onde esteve dos 15 aos 16 anos. A princípio, ela acreditava que se tratava de uma troca de favores, mas, posteriormente, percebeu que seus direitos estavam sendo violados por agentes do Estado.

Essa denúncia foi feita durante a apresentação de um levantamento sobre a situação das adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas de internação, realizada em um auditório da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. O relatório, elaborado pela Plataforma Brasileira de Direitos Humanos (Dhesca), destacou diversas violações de direitos vivenciadas por essas jovens em unidades socioeducativas.

Segundo a relatora nacional de direitos humanos da Dhesca, Isadora Salomão, o sistema socioeducativo brasileiro se comporta como miniprisões, ao invés de promover a ressocialização e a proteção das adolescentes. Ela apontou diversas questões estruturais, de saúde e identidade cultural que contribuem para a violação dos direitos dessas meninas.

Durante a pesquisa, foram identificados problemas como aglomeração, falta de itens de higiene, proibição de atividades educacionais, presença de agentes socioeducativos homens, relatos de violência e assédio sexuais, entre outros. Além disso, a disposição geográfica das unidades dificulta a visita de familiares, o que impacta o processo de ressocialização.

Para Margarida Prado, presidente da Comissão de Direitos Socioeducativos da OAB-RJ, é essencial romper com a dinâmica de submissão e obediência nas unidades de internação, permitindo que as adolescentes desenvolvam autonomia. A crítica se estende ao sistema de Justiça, que muitas vezes encaminha os menores para unidades sem considerar as violações de direitos que lá ocorrem.

A defensora pública Paula Arraes ressalta a importância de documentar e denunciar essas violações, que muitas vezes ocorrem de forma discreta e difícil de ser comprovada. Ela destaca a necessidade de uma maior atenção por parte do Poder Judiciário e da sociedade como um todo, para garantir a proteção e respeito aos direitos das adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas.

Esse relatório, baseado em denúncias recebidas de movimentos sociais e organizações da sociedade civil, tem o objetivo de conscientizar a população sobre a realidade vivida por essas meninas e impulsionar a luta pelos direitos humanos e a ressocialização efetiva dessas jovens. A esperança é que, por meio desse tipo de divulgação, a situação dessas adolescentes melhore e sejam garantidos seus direitos fundamentais.

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