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Demolição de imóveis gera protesto e acusações de abuso de poder em comunidade do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro.

Na manhã desta sexta-feira (23), moradores do Parque União, uma das comunidades que compõem o Complexo da Maré, zona norte da capital, se mobilizaram em protesto contra a demolição de imóveis que vem ocorrendo ao longo da semana. Os manifestantes bloquearam a Avenida Brigadeiro Trompowski, importante via que liga a Avenida Brasil à Ilha do Governador.

A operação de demolição está sendo conduzida por agentes da Secretaria Municipal de Ordem Pública, com o apoio da Polícia Militar e Polícia Civil. Os moradores alegam que as autoridades estão invadindo as casas sem mandado judicial, gerando revolta na comunidade. Segundo Caitano Silva, integrante da Associação de Moradores do Parque União, muitos desses imóveis foram construídos de forma irregular.

As investigações apontam para a suspeita de que esses imóveis estariam envolvidos em esquemas de lavagem de dinheiro ligados a organizações criminosas responsáveis pelo tráfico de drogas na região. A Polícia Civil afirmou que a comunidade do Parque União vem sendo usada há anos para lavar o capital acumulado com o comércio ilegal.

A Associação de Moradores denuncia abusos de poder durante a operação, incluindo a remoção de pertences dos moradores. A situação afetou o funcionamento de escolas, postos de saúde e estabelecimentos comerciais locais, deixando ruas vazias e gerando impactos psicológicos na população. Os moradores relatam que seus pertences foram subtraídos pelas equipes de demolição.

Além disso, houve relatos de abuso policial, como a condução de um jovem de 17 anos e sua mãe à delegacia depois que o rapaz documentou a operação em vídeos compartilhados nas redes sociais. Em um dos vídeos, o jovem questionou um policial sobre a situação crítica em que sua família se encontrava, com crianças pequenas no local.

A Secretaria Municipal de Ordem Pública informou que foram feitas apreensões em um apartamento de luxo em um dos prédios em processo de demolição, mas nenhum proprietário se apresentou para reivindicar os pertences apreendidos. Todos os itens foram levados para um depósito municipal.

A organização da sociedade civil Redes da Maré divulgou uma análise em seu portal eletrônico, enfatizando que a situação vai além de questões de segurança pública e criminalidade. Eles destacam que as remoções estão ligadas à falta de políticas públicas adequadas, negligência estatal e falta de regulamentação e fiscalização urbanas.

Diante desse cenário, a Redes da Maré faz um apelo às autoridades públicas para atender às demandas por moradia e garantir os direitos fundamentais dos moradores. Eles ressaltam que é necessário que o Estado se responsabilize, ao invés de simplesmente criminalizar a população, a fim de evitar a violência e proteger os direitos humanos.

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