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CCJ da Câmara dos Deputados aprova projeto que limita a aplicação da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão

Na última terça-feira, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou um projeto que visa limitar a aplicação da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO). Essa ação, prevista na Constituição Federal e regulamentada pela Lei 9868/99, tem por finalidade assegurar a efetivação de normas constitucionais nos casos em que seja necessária uma decisão legislativa ou administrativa sobre determinada matéria.

O projeto aprovado na CCJ é um substitutivo apresentado pelo deputado Gilson Marques, do Novo-SC, ao Projeto de Lei 4609/20, de autoria da deputada Chris Tonietto (PL-RJ). Esse substitutivo traz algumas mudanças em relação ao texto original, estipulando que não será objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão a matéria que tenha tramitado no Congresso Nacional nos últimos cinco anos, em qualquer fase e em qualquer das Casas legislativas.

Além disso, o texto de Gilson Marques acrescenta que não será deliberada a ADO que questione a conveniência e a oportunidade de uma lei ou providência administrativa. O deputado também propõe alterações na Lei 13.300/16, que disciplina o processo e o julgamento dos mandados de injunção, estabelecendo que esse instrumento não será admitido quando o tema já tiver sido deliberado pelo órgão legislador competente nos últimos cinco anos.

Para Gilson Marques, essa proposta é uma ferramenta importante para frear as “incursões do STF na esfera política”, destacando que o controle da inconstitucionalidade por omissão tem sido utilizado de forma exacerbada pelo Supremo Tribunal Federal. Um exemplo citado por ele foi a ADO 26, julgada procedente em 2019, que reconheceu a omissão do Congresso Nacional em criminalizar a homofobia e a transfobia, equiparando essas condutas ao crime de racismo.

Por outro lado, a deputada Erika Kokay, do PT-DF, discorda e argumenta que a omissão do Parlamento, quando intencional, fere os preceitos constitucionais e prejudica a sociedade. Ela ressalta que não se trata de uma disputa entre Legislativo e Supremo, mas sim da garantia do direito da população de ver os princípios constitucionais sendo efetivamente aplicados em suas vidas.

A proposta agora segue para análise do Senado, podendo ser votada em caráter conclusivo, a menos que haja recurso para votação pelo Plenário. Este projeto possui o potencial de impactar significativamente a forma como as Ações Diretas de Inconstitucionalidade por Omissão são utilizadas no Brasil, gerando debates acalorados e opiniões divergentes entre parlamentares de diferentes espectros políticos.

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